Korn “The Nothing”
Reviews 13 de Setembro, 2019 Joel Costa


Editora: Roadrunner
Data de lançamento: 13.09.2019
Género: nu-metal
Nota: 4/5
Jonathan Davis nunca foi de esconder as suas emoções, protagonizando interpretações incríveis ao longo dos mais de 25 anos em que esteve à frente dos Korn, como é o caso da assombrosa e traumática “Daddy”, presente no álbum de estreia do colectivo norte-americano. Senhores de uma sonoridade distinta que é denunciada até mesmo pela gaita-de-foles que se faz ouvir logo no início de “The End Begins”, o disco abre com Jonathan Davis a anunciar o início do fim, cantando perguntas emotivas como “Porquê?” ou “Porque me deixaste?”, numa alusão à perda da sua esposa Deven, em Agosto do ano passado, terminando num choro inconsolável. As referências líricas do restante disco, assim como o humor presente na sonoridade, vê este trágico acontecimento assumir um papel preponderante, capturando uma escuridão e angústia em muito semelhante à que pode ser encontrada nuns Korn em início de carreira e onde o vocalista é extremamente bem-sucedido a canalizar todas as suas emoções.
Temas como “Cold” e “You’ll Never Find Me” fazem-nos recuear até ao clássico “Follow The Leader” e às experiências que já eram levadas a cabo no segundo disco da banda, “Life Is Peachy”, de 1996, com os growls brutais e os gemidos de dor que definiram Jonathan Davis enquanto vocalista a liderarem um instrumental cheio de groove e onde o peso ultrapassa tudo o que foi feito desde “Take A Look In The Mirror”, de 2003. Naquilo que parece ser uma viagem sonora pelo catálogo inteiro da banda, há igualmente espaço para a electrónica presente em discos mais recentes, como é o caso do tema “Can You Hear Me”, não faltando vestígios de “Issues” em “This Loss” ou um registo mais melódico em “Finally Free” e “The Ringmaster”, que distanciam-se musicalmente da primeira metade deste “The Nothing” e apresentam semelhanças ao que foi apresentado no álbum a solo de Jonathan Davis, “Black Labyrinth”.
Em suma, “The Nothing” é uma proposta repleta de dor onde não podemos deixar de sentir empatia e juntar-nos a Jonathan Davis num luto que com este disco passa a ser de todos nós. Os restantes membros da banda são igualmente bem sucedidos a recapturar a identidade sombria que destacou os Korn aquando da ascensão do nu-metal na década de 1990, permitindo-lhes terem em “The Nothing” não só uma verdadeira luta contra os seus demónios mas também o melhor álbum dos últimos anos.

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