Se tivermos que adjectivar a ascensão da wrestler portuguesa Raquel Lourenço, talvez "astronómica" não seja de todo uma palavra descabida. Foi na recta final...
Créditos: WWE

«Vou continuar a lutar por aquilo que quero. E se quiserem sangue no processo, vão tê-lo.»

Se tivermos que adjectivar a ascensão da wrestler portuguesa Raquel Lourenço, talvez ‘astronómica’ não seja de todo uma palavra descabida. Foi na recta final de 2016 que Killer Kelly (tal como é conhecida no universo do wrestling) fez a sua estreia no ringue da Wrestling Portugal. O evento recebeu como título “Batalha Dos 1000” e viu a jovem portuguesa vencer um combate contra Marcos Vitória, participando também num combate que envolveu outros dez wrestlers do sexo masculino. Pouco tempo depois, Killer Kelly tornava-se parte do ‘plantel’ da gigante World Wrestling Entertainment (WWE), com participações televisivas em torneios e no programa semanal NXT UK, onde a WWE promove acção e entretenimento com jovens estrelas emergentes do wrestling europeu. A Metal Hammer Portugal desafiou Killer Kelly a fazer uma selecção musical com base nas suas conquistas.

És uma verdadeira inspiração pelo facto de teres lutado por um sonho que muitos poderiam julgar impossível e hoje és uma pro-wrestler viajada e parte do roster da WWE. Que música ou álbum escolherias para resumir o teu percurso profissional e porquê?
Eu sei que vai parecer um pouco cliché, mas a música que me vem à cabeça quando penso no meu percurso é “Don’t Stop Believin'”, dos Journey. Quando preciso de motivação, seja para o ginásio ou antes de um espectáculo, ponho os meus phones e é instantâneo. A razão pela qual esta música se adequa bastante ao meu percurso está no título! Nunca deixei de acreditar e, felizmente, com muito trabalho e alguma sorte, alcancei aquilo que queria desde pequenina.

A tua estreia televisiva na WWE dá-se com um combate para decidir quem seria a candidata ao título feminino da NXT e posteriormente participas também no torneio Mae Young Classic. Que álbum ou música melhor descreve o acto de saíres da Gorilla Position [N.R.: zona dos bastidores em que os wrestlers se encontram antes de entrarem em acção] e seres de imediato confrontada com câmaras e o público fervoroso da WWE?
“My Way”, dos Limp Bizkit, porque basicamente foi a música que mais ouvi nesse dia. Fez-me sentir como se nada me pudesse parar e enfrentar a multidão como se sempre tivesse pertencido à WWE. Ajudou um bocadinho com os nervos.

Quando te iniciaste na Wrestling Portugal, tinhas que lutar contra homens, chegando até a enfrentar o Luís Salvador num combate pelo título Nacional da WP. Promoções como a WWE ou a extinta WCW deram-nos a oportunidade de ver combates mistos, com a Chyna, por exemplo, a ser detentora do título Intercontinental. De que forma é que o facto de não teres uma divisão feminina em Portugal e de teres que competir com os teus pares do sexo masculino permitiu-te crescer enquanto profissional, e qual o impacto que isso teve na Killer Kelly que conhecemos actualmente? E que música ou álbum melhor descreve todas estas mulheres que venceram e convenceram wrestlers do sexo masculino no ringue?
A Killer Kelly nasceu por causa disso mesmo. Sem a Wrestling Portugal e sem o facto de ser a única mulher presente naquela altura, a Killer Kelly não existiria. Moldei-me a lutar só com homens e a atitude que tenho no ringue hoje em dia deve-se a esse factor. Ao lutar contra homens mostrei que as mulheres conseguem estar ao mesmo nível que os homens (e por vezes até melhor). Por isso mesmo, a música que se adequa é “Bad Reputation”, de Joan Jett.

Todos os wrestlers têm a sua música de entrada. Qual é a tua e quais as razões da escolha?
Neste momento tenho duas músicas de entrada: uma que uso na WWE e outra nas companhias de wrestling independentes. A da WWE foi escolhida com muito cuidado com o produtor musical deles e tem uma vibe de Rammstein. É totalmente badass e, na minha opinião, está no top das melhores músicas de entrada da WWE. “Methanol Mainline”, dos Glory Oath + Blood”. A outra que uso é basicamente uma música que escolhi aos 14-15 anos para ser a minha entrada quando fosse wrestler (mal sabia eu que esse sonho ia concretizar-se). Fazia-me sentir como se fosse a pessoa mais badass à face da terra e quando a uso é isso que acontece. É “Rockstar (Remix)”, de N.E.R.D.

Que álbum melhor define uma rivalidade nos ringues e porquê?
“Steal This Album”, dos System of a Down, com menção honrosa para o tema “Fuck the System”. É literalmente um “vou partir esta merda toda!”.

Por último, escolhe uma música que queiras que represente o teu futuro nos ringues e explica-nos as razões.
“If You Want Blood (You Got It)”, dos AC/DC. A razão é muito simples: atirem o que me atirarem à frente, vou continuar a lutar por aquilo que quero. E se quiserem sangue no processo, vão tê-lo.

Segue a actividade de Killer Kelly no Facebook e no Instagram! Agradecimentos: WWE, GD Photography e wXw (Janice Mersiovsky photography)

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