Na boa tradição belga no que a mudanças das bases sónicas diz respeito, Kalmhain dá uma nova e contemporânea a um...

Origem: Bélgica
Género: post-black metal
Último lançamento: “Eigenlicht” (2020)
Editora: Aldenburgh
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Na boa tradição belga no que a mudanças das bases sónicas diz respeito, Kalmhain dá uma nova e contemporânea a um black metal claustrofóbico e denso.

«Não tens de ter uma morte física para morrer…»

O álbum: «Com “Eigenlicht” estou a tentar romper com as tradições do black metal norueguês, e tentei arduamente fundir-me com outras influências, da música folk árabe a influências do flamenco em algumas faixas, enquanto permaneci fiel ao estilo black metal. Para além disso, a qualidade do som era importante no processo de mistura e masterização, em que destacamos a bateria, o baixo e os berros, mantendo as secções de ritmo levemente em segundo plano. Isso dá ao álbum uma estética limpa e permanece agradável de se ouvir. Usando secções melódicas, juntamente com partes brutais, espero trazer ao ouvinte um álbum equilibrado e interessante.»

Conceito: «O conceito principal do álbum é a escuridão interior, o isolamento e a tristeza que alguém vive ao ser submetido a uma acusação injusta. Pensemos em como as bruxas foram perseguidas, como grupos inteiros de humanos são massacrados por opressores porque não seguem a mesma religião ou regras. Somos todos um só e parte de um organismo maior. Natureza, humanos, dogmas, regras, convicções, religião. São constructos mentais concebidos para aprisionar os humanos e destruir a própria estrutura de quem somos. O álbum tenta explorar um aspecto disso, ou seja, a morte metafórica do ‘eu’ de alguém e a perda de identidade após uma acusação injusta num julgamento extenuante. Não tens de ter uma morte física para morrer…»

Referências: «Este é um álbum de estreia, portanto, em termos de evolução do som, tenho pouco legado. Fui inspirado por bandas como Satyricon, Darkthrone, Wolves in the Throne Room e Burzum, mas especialmente pela segunda vaga de black metal e bandas DSBM, que moldaram o género nos últimos anos. Normalmente inclino-me para bandas francesas e canadianas do género, como Luster, Monarque, 1934, Au Champs Des Morts. As bandas locais belgas de que gosto são Wiegedood, Enthroned e Ancient Rites.»

Review: Para que post-black metal funcione, tem de se ter, no mínimo, duas coisas em atenção: paixão e boa produção. Já nem se fala em excelente execução porque isso é inerente a fazer-se boa música – e é o que este projecto belga faz. Lindamente produzido, o post-black metal de Kalmhain consegue ser apaixonante e atmosférico, mas também sabe ser cru e mortífero. A faixa “Sans Espoir, Pour Toujours” é apenas a ponta do icebergue.

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