“Macro”, com a sua boa produção e talento, tem poder de fogo para catapultar os Jinjer para novas ambições, graças não só à mestria...

Editora: Napalm Records
Data de lançamento: 25.10.2019
Género: groove metal / prog / metalcore
Nota: 4/5

Na sequência do EP “Micro” saído já este ano, os Jinjer surgem neste Outono com o LP “Macro”, uma aposta ambiciosa e consciente para tentarem subir à primeira divisão do metal. Sequência lógica em termos sonoros do EP anterior, neste trabalho a banda volta a mostrar a sua fusão de vários géneros metálicos e não só, mas com uma preponderância de groove metal, afastando-se um bocado do metalcore e nu-metal que imperavam nos trabalhos anteriores, sem contudo esquecê-los. A voz de Tatiana Shmaylyuk, que alterna entre guturais e vozes limpas, especialmente nos refrãos, continua a ser a imagem de marca dos Jinjer, e merecidamente.

A descarga sonora dos Jinjer abre com “On The Top”, o segundo single,numa mistura de djent e groove que faz lembrar bandas como Meshuggah e Textures, mas com originalidade e demonstrando as claras ambições destes ucranianos, com o seu refrão mais melódico e orelhudo, em que Tatiana mostra a versatilidade irrepreensível da voz que viaja do gutural ao melódico com naturalidade. Depois de um interlúdio de guitarras quase limpas, a guitarra de Roman Ibramkhalilov destaca-se a fechar com riffs bem pesados. “Judgment (& Punishment)”, o primeiro single do álbum, abre com um riff à djent que dá lugar, de forma inesperada, a um ambiente reggae, que depois vai alternando com o bom groove metal dos Jinjer e traz reminiscências do que os Soulfly fizeram há anos com o tema “Moses.

O tema “Retrospection”, com o seu início melódico e limpo, é uma das melhores faixas deste lançamento. Desde a secção rítmica à guitarra de Roman e à voz de Tatiana, a execução é de luxo e a música evolui seguindo os padrões de qualidade do groove metal, adicionando-se os blast-beats de Vladislav Vlasevish. “Pausing Death” mostra desde o início ao que vem, decidida a não fazer prisioneiros e com mais um riff memorável, misturando os blast-beats de Vladislav com a voz limpa de Tatiana no refrão. Uns brilhantes interlúdios melódicos, marcados pela voz de Tatiana e pelo baixo de Eugene Abdukhanov, antecedem um luxuoso final de peso.

“Noah”, o sexto tema dos nove que compõem este disco, é possivelmente o melhor deste já de si forte álbum, ao debitar groove e tareia sonora por todos os lados, e uma brutal coesão sonora da parte instrumental da banda, o que certamente fará dela uma favorita ao vivo. O final complexo mistura a técnica habitual instrumental da banda com o uso de teclados, que assentam bem, sem soarem forçados. Outro dos temas a destacar é “Home Back”, que tem o seu início com uma sequência de riffs a lembrar nu-metal passando para o groove metal, que é o prato forte deste disco. É mais uma faixa ecléctica com um inesperado, mas bem-vindo, interlúdio jazzy a surgir pelo meio. A voz de Tatiana nunca desilude – seja nesse clima jazzy quase sussurrado, seja nas vozes limpas ou guturais – e o baixo de Eugene vem ter connosco, destacando-se da fusão dos Jinjer. “lainnereP”, uma desconstrução da canção “Perennial” do EP “Micro”, é um tema diferente, que foge à orientação geral do álbum – atmosférico, graças ao uso de teclados e sintetizadores, deixa de lado o peso em favor do experimentalismo e de uma produção mais etérea.

“Macro”, com a sua boa produção e talento, tem poder de fogo para catapultar os Jinjer para novas ambições, graças não só à mestria dos músicos envolvidos mas principalmente à prestação vocal de Tatiana, que não falha em nenhum estilo, dos mais agressivos aos mais melódicos – daí que o grupo possa arriscar-se e experimentar tocar e fundir vários deles. Aguardemos pelos próximos capítulos na história desta banda.