Os Iron Maiden costumavam organizar extravagantes lançamentos de álbuns. Para “The X Factor” foi diferente.

Os Iron Maiden costumavam organizar extravagantes lançamentos de álbuns. Para “The X Factor” foi diferente.

A 2 de Outubro de 1995, os Iron Maiden lançaram “The X Factor”, o primeiro álbum com o novo vocalista Blaze Bayley. Malcolm Dome esteve lá, num lançamento discreto.

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Todos nos acostumámos aos lançamentos de álbuns dos Iron Maiden serem uma chuva de fanfarras torrenciais. Festas opulentas onde álcool e canapés corriam livremente – e a carnificina era de borla. Já tinha havido o suficiente desde meados dos 80s. Cinturas e fígados foram severa e regularmente destruídos por causa dos últimos lançamentos dos Maiden. Mas desta vez foi diferente. Em mais do que uma maneira.

Para começar, Bruce Dickinson tinha ido embora. Tem de ser dito que muitas pessoas sentiram que a banda estava um pouco cansada e estafada do Bruce. O heroísmo da década de 80 deu lugar aos menos elogiados anos 90. Agora, a banda tinha Blaze Bayley na frente. Blaze Bayley! Blaze Chuffing Bayley! Sim, tinha feito um óptimo trabalho a cantar em Wolfsbane. Mas eles eram uns amigalhaços divertidos e dos bares. Muito adorável, mas vamos lá… Era realmente o homem para ir à frente de uma das bandas de metal mais prestigiadas do mundo?

Teria sido como se os Black Sabbath substituíssem Ozzy por George Hatcher (vejam quem é!) em 1980. Ou se os AC/DC, no mesmo ano, tivessem escolhido um gajo de Newcastle para substituir Bon Scott – oh fizeram isso, e funcionou bem. Mas dá para perceber o ponto. Blaze em Maiden era idiota.

Em vez de um grande golpe para o seu primeiro álbum com a banda, algo totalmente discreto foi planeado. Tão discreto que era quase inaudível.

Um convite foi feito a quem estava na Kerrang!, a perguntar se alguém gostaria de ir aos escritórios da Sanctuary, a agência da banda, para ouvir o que seria “The X Factor”. Bem, nem todos do escritório foram convidados, mas dos poucos seleccionados apenas três se sentiram capazes de ir.

Então, no horário previsto – acho que eram umas quatro da tarde de uma quarta-feira (e não estava a chover!) –, o trio intrépido fez a curta viagem até Bayswater, em West London, onde ficavam os escritórios da banda.

Fomos levados para a opulenta sala de direcção, onde um CD do álbum havia sido posto para tocar em colunas de altíssima qualidade.

Surpreendentemente, ninguém nos revistou à procura de equipamento de gravação, pois naqueles tempos longínquos confiava-se que não se faria nada tão hediondo como gravar um álbum secretamente. A Internet mal tinha nascido, portanto o próprio conceito de vazar algo online não existia. Sim, eram tempos diferentes, claro.

A grande mesa da sala de reuniões estava cheia de biscoitos de chocolate de ocasião e uma jarra de água… Na verdade, isso é ser injusto. A Sanctuary nunca foi menos do que muito hospitaleira, e havia latas de cerveja, além de chávenas de chá e café. No entanto, não era nada comparável às alegres propagações de outrora.

Com o botão play a entrar em acção, ficámos à vontade para apreciar o álbum. Apenas três de nós nesta sala vazia. Os nossos corações colectivos afundaram quando um cântico de monges deu início a tudo. «Isto é puro lixo», alguém riu, obtendo acenos de concordância. E a música em questão, “Sign of the Cross”, dificilmente melhorou quando começou a sério.

As coisas pouco melhoraram quando tocou o resto do álbum. Dá para ver quando um álbum não está a obter uma boa reacção. As pessoas estão inquietas, começam a olhar ansiosamente para as horas… Nos dias de hoje, os telefones já estavam cá fora com toda a gente a mexer-lhes, apenas para se distraírem. Mas em 1995 esperava-se que a próxima faixa melhorasse de alguma forma. Tal não aconteceu.

Quando as últimas notas do disco desapareceram, ficámos num breve e atordoado silêncio.

«Bem, poderia ter sido melhor com um vocalista decente», suspirou alguém. Mais uma vez, acenos de concordância. Esperámos, o que parecia uma eternidade, para alguém aparecer e levar-nos para fora da sala. Mas ninguém apareceu. E, então, um de nós tinha um plano astuto.

«Já sei», disse, tirando da mala uma cópia do álbum “Killers” dos Maiden. «Vamos pôr este antes que alguém tenha a brilhante ideia de nos fazer ouvir o novo álbum novamente!»

Então, lá tocou “Killers” e recordámos um dos melhores discos de Maiden. Parecia uma banda diferente – mas, de facto, na maior parte, era. O que aconteceu a seguir é extremamente divertido, mas é melhor ficar de fora.

E depois foi-nos educadamente mostrada a porta, surpresos como uma banda com o pedigree e a história dos Iron Maiden poderia ter ido tão ao fundo.

Blaze Chuffing Bayley…

Consultar artigo original em inglês.