Fechado que está 2019, que venha então o sucessor de “Crimes Against Humanity” e que o peregrino de Satanás nascido na Brandoa prossiga a...

Editora: Purodium Rekords
Data de lançamento: 25.12.2019
Género: black metal
Nota: 3.5/5

Sempre prolífico, 2019 foi mais um ano em que Vulturius deitou cá para fora mais umas quantas relíquias com Irae. A começar pela compilação “Satanic Secrets from the Mausoleum” e passando pela inebriante tape “The Maniac Perversion Of My Soul”, a banda da Brandoa termina o ano com o 7” “The Old Ways”, mais um lançamento com o underground e os fiéis fãs como objectivo.

Sempre mais cru em demos, EPs e splits, quem apenas ouviu o LP “Crimes Against Humanity” (2017) não se pode deixar enganar pela produção mais limpa desse registo. Irae consegue maioritariamente ser podre, arcaico, inquietante e fora-da-lei quando temos em conta tapes como “Que Se Foda o Vagos Open Air – Isto é Black Metal!” ou “Orgias de Maldade” (ambos de 2014). Por outro lado, também consegue ser astuto, melhor produzido (quando assim deseja) e algo melódico, sem nunca se perder o perigo nefasto do black metal, em lançamentos como referido LP ou o muito bom split (c/ Velório) que dá pelo título de “Deceiver’s Light” (2012).

A discografia de Irae é longa e podia fazer-se uma gigante lista sobre o que cada item representa – “To Those Who Stand… Evil Prevails” (2012) é, por exemplo, uma obrigatoriedade para quem quer ouvir Irae –, mas o presente directo é representado por “The Old Ways”, um EP em vinil de 7” que se avia em cerca de 15 minutos, como Vulturius tão bem sabe executar.

Entre a loucura blasfema e a selvajaria do black metal mais underground, o mote dissonante e tresloucado da entrada com “Initiation” não faz prever que seguidamente sejamos bafejados por mais cinco composições que não só incorporam velocidade e indecência como também são capazes de projectar um empreendimento melódico com riffs e leads típicos de Irae – mas sempre bem-vindos. “Above the Stars of God”, com uma agressividade harmoniosa, será um óptimo início de concerto e “Martyr” oferece-nos um Vulturius a optar por caminhos mais doomy e atmosféricos, utilizando até ambiências provenientes do que nos parece serem teclados, algo raríssimo em Irae mas que se pode ouvir em temas antigos como “Memories of a Lost Soul” (in “Victims of My Insanity”, 2005).

Fechado que está 2019, que venha então o sucessor de “Crimes Against Humanity” e que o peregrino de Satanás nascido na Brandoa prossiga a sua jornada em toda a inerente plenitude.

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