Irae “Lurking in the Depths”
Reviews 18 de Junho, 2020 Diogo Ferreira
Editora: Signal Rex
Data de lançamento: 26.06.2020
Género: black metal
Nota: 4/5
“Lurking in the Depths” é o trabalho mais dinâmico e diversificado de Irae ao serem incluídas ramificações criativas menos habituais que assentam perfeitamente na evolução musical deste veículo de ira.
Quase a completar duas décadas de existência, Irae é um nome profundamente firmado no black metal português. Com uma discografia repleta de demos, EPs, splits e LPs que já começam a ser incontáveis, o peregrino de Satanás, oriundo da Brandoa (com ódio), tem em 2020 o novo longa-duração “Lurking in the Depths”.
Sempre maldisposto, em que cada riffs respira malvadez e cada berro exala um desdém perfurante, Vulturius abre este disco com “Nightshade”, um tema que apresenta uma certa noção decadente que se constrói mais a norte de Portugal, com nomes como Inthyflesh ou mesmo Jazigo.
Para além de toda uma assinatura suja e desaustinada, faixas como “Black Metal Violator” e “Ratazanas” são elaboradas através de segmentos mais mid-tempo e compassados, mas sempre afiados, que acabam por desabrochar em velocidade demoníaca e algo dissonante.
Coincidência ou não, o título “A Blaze in the Mist” na quarta posição é logo meio caminho andado para nos lembrarmos de Darkthrone. Quanto à sonoridade apresentada, não é 100% norueguesa mas anda muito lá perto com uma bateria rápida e simples, e riffs em que domina uma repetição gelada e hipnótica.
Já “Between Ruins” engloba-nos num ambiente fantasmagórico devido à inclusão de sintetizadores, uma ferramenta pouco explorada em Irae e que é repetida na última “Carved in Pit Stones”. Ainda sobre “Between Ruins”, esta faixa acaba por exibir também um sentido doom devido a um lead/solo a roçar o épico, outra característica nada explorada neste projecto.
Destacando-se o isolamento e o cansaço pelo mundo/sociedade em que vivemos, aspectos que Vulturius sempre fez discorrer nas suas letras, “Lurking in the Depths” apresenta um satanismo mais social e menos religioso, indo assim contra temáticas de composições antigas e relevantes no cancioneiro de Irae como “Fátima em Ruínas” ou “Queima as Casas de Deus”.
De lançamentos quase inaudíveis, como “Que Se Foda o Vagos Open Air – Isto é Black Metal!” (2014), a momentos de grande inspiração, como “Crimes Against Humanity” (2017) e “The Maniac Perversion of My Soul” (2019), este “Lurking in the Depths” é o trabalho mais dinâmico e diversificado de Irae ao serem incluídas ramificações criativas menos habituais que assentam perfeitamente na evolução musical deste veículo de ira.

Metal Hammer Portugal
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