Hyperborea: sombras e pó
Subsolo 7 de Janeiro, 2020 João Correia
Origem: Bulgária
Género: death metal
Último lançamento: “Umbra” (2019)
Editora: Art Gates Records
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Entrevista e review: João Correia
Os Hyperborea apostam no conceito clássico do death metal da velha guarda com as devidas actualizações de 2019, baseando-se no seminal trabalho de Jung para enriquecerem a sua fórmula.
“Com “Umbra”, queríamos destacar-nos e tornar possível um registo de disco profissional e sem comprosmissos. Acredito que conseguimos(…)”
O que esperar: «Com “Umbra” queremos tornar-nos conhecidos fora da Bulgária como uma banda de death metal de qualidade, contemporânea, que sabe o que fazer. Isto é também o que as pessoas podem esperar do álbum – um death metal enérgico, directo ao assunto, mas não desatualizado. Bem como uma mensagem forte.»
Conceito: «O principal conceito do álbum é representado pelo seu nome, “Umbra”. Umbra significa sombra e todas as músicas do álbum revolvem à volta do conceito das sombras pessoais das pessoas. Este conceito foi elaborado pelo psicólogo suíço Carl Gustav Jung. De acordo com as idéias de Jung, uma falha na integração da sombra pessoal (que representa o processo no qual alguém mergulha na inconsciência para aprender mais sobre si mesma, alcançando assim a “totalidade”) servirá sempre como uma porta de entrada para a sombra colectiva, à qual Jung chama “o arquétipo Daemon”. Na medida em que a maioria dos membros de uma sociedade consegue integrar uma parte considerável das suas sombras pessoais, essa sociedade poderá cair na armadilha da sombra colectiva (e regressar aos costumes bárbaros de comportamento). Este também é o principal tema filosófico do álbum e das músicas – a batalha pelo bem-estar do mundo é interna.»
Influências: «O nosso álbum anterior “Cryogenic Somnia” (2007) e, até, o primeiro (“Architecture Of Mind”, de 2004), eram mais crus e com som de garagem. Com “Umbra”, queríamos destacar-nos e tornar possível um registo de disco profissional e sem comprosmissos. Acredito que conseguimos, pois “Umbra” soa muito mais negro, pesado e finalizado. Todos os instrumentos estão devidamente colocados, nada é exagerado. Também nos esforçámos muito para tocar tentando manter a vibração e o impulso, assim como as imperfeições da musicalidade humana. Não existem samples de guitarra, demasiada programação, afinação de voz, etc. As nossas referências musicais são algumas das bandas da velha guarda: Bolt Thrower, Benediction, Edge of Sanity, Death e Pestilence, mas alguns de nós ouvem Iron Maiden e Dream Theater e música erudita. Tentamos não travar a maneira como estas influências se reflectem nas nossas composições, embora mantendo o foco no death metal como o nosso estilo musical.»
Review: Os fãs de metal extremo vão encontrar uma surpresa ao ouvir os búlgaros Hyperborea, praticantes de death metal de alto calibre que dá gosto de ouvir. “Wrong Planet Syndrome” é música propriamente dita, bem estruturada, complexa (embora aparentemente simples) e atípica pela qualidade e som original, de marca. Mas é o jogo de guitarras que pasma: doentio, incessante e ao nível de nomes como Sadus ou Decapitated. “Umbra”, de 2019, é um disco de death metal que não pode e não deve ser ignorado.

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