O trio da região de Hesse cria uma sinergia entre conceito lírico e música, entre black metal de base e noções... Entartung “Maleficae Artes”

Editora: Dunkelheit Produktionen
Data de lançamento: 07.08.2020
Género: black metal
Nota: 3.5/5

O trio da região de Hesse cria uma sinergia entre conceito lírico e música, entre black metal de base e noções mais modernas, tudo isto sem nunca se roçar em orientações sintéticas e digitais.

Com uma carreira quase a completar 10 anos, os Entartung chegam aos quarto álbum “Maleficae Artes” em mais uma declaração em nome das artes negras.

Em apenas cinco faixas, que ainda assim perfazem 40 minutos de duração, os alemães respeitam a tradição do black metal escandinavo, mas dão-lhe um certo sabor mais centro-europeu através de riffs repetitivos, que chegam a ser hipnóticos, extremamente afiados e gelados. Assim, este tipo de abordagem oferece à sonoridade da banda um sentido mais contemporâneo, algo que se pode ouvir em bandas como Downfall Of Gaia.

Inquietantes e sinistros, e mesmo com poucas faixas, os Entartung conseguem ser dinâmicos e diversificados. Enquanto a inaugural “Tower of Silence” actua como a faixa mais ortodoxa, que conjuga velocidade enraivecida com segmentos mais vagarosos e introspectivos, a segunda “Bortförd” inclui uma guitarra acústica e breves arranjos orquestrais que oferecem uma toada exótica e, digamos, experimental se tivermos em conta muitos dos dogmas do black metal. Sendo um álbum sólido, o ponto alto acontece na última “Aufruhr MDXXV”, em que, ao longo dos seus 12 minutos, se cria um ambiente marcial e cerimonial ao mesmo tempo, tanto devido à passada militar fornecida pela bateria como pela aplicação de um órgão eucarístico que fomenta um ambiente sombrio e fantasmagórico.

Devotos à morte, ao espírito faustiano tão impregnado na Alemanha e aos ritos ancestrais – a capa, que é uma pintura modificada de Salvator Rosa e que ilustra o Rei Saúl a invocar um espírito com auxílio de uma bruxa, não engana –, o trio da região de Hesse cria uma sinergia entre conceito lírico e música, entre black metal de base e noções mais modernas, tudo isto sem nunca se roçar em orientações sintéticas e digitais.