«Por alguma razão, todas as músicas levaram-me a uma costa e o tema foi encontrado: algo relacionado com mar ou água.» Sami Hinkka Os...
Foto: cortesia Metal Blade Records

«Por alguma razão, todas as músicas levaram-me a uma costa e o tema foi encontrado: algo relacionado com mar ou água.»

Sami Hinkka

Os Ensiferum são uma verdadeira potência no que ao death metal melódico orientado ao folk diz respeito, algo que se deve tanto à sua longevidade (fundação em 1995) como aos vários álbuns maioritariamente bem recebidos. Neste ano de 2020 chegam ao oitavo “Thalassic”, um título que, traduzido do grego antigo, tem ligações aos mares. Ao longo de 9 faixas (mais duas bónus), “Thalassic” é, como não podia deixar de ser, uma colecção de composições metal e orquestrações folclóricas. «Acho que conseguimos dar um passo em frente musicalmente e também utilizámos as melhores partes do nosso som antigo», afirma o baixista/vocalista Sami Hinkka através da Metal Blade Records. «Existem muitas marcas de Ensiferum: belas melodias folclóricas, riffs do caraças, uma boa mistura de vozes diferentes e excelentes refrãos para se cantarem.»

O álbum anterior, “Two Paths”, foi lançado há três anos e os finlandeses, ainda que com concertos pelo meio, mantiveram-se ocupados a compor durante este passado recente. Desta vez, a banda quis dar um salto de fé e tentou-se uma nova abordagem, sem nunca se esquecerem as raízes. Dar o pontapé-de-saída ao álbum com a peça orquestral “Seafarer’s Dream” impressiona, mas “Thalassic”, no geral, não é comandado por tal faceta. «Acho que isso se tornou parte do som de Ensiferum, mas neste álbum usamos menos orquestrações do que antes porque as músicas tornaram-se em metal mais directo. Gostamos de enfatizar a história e o sentimento de uma música com os sons que se adequam melhor, portanto a utilização de grandes orquestrações tem que servir o propósito da música e não ser dado como garantido e usado o tempo todo.» Temas como “Rum, Women, Victory” e “Run From The Crushing Tide” são metal autêntico, mas inserem-se confortavelmente ao lado da alegre “Midsummer Magic” e da triunfante “Andromeda”. Para tal, a banda foi auxiliada pelo novo teclista/vocalista Pekka Montin, que «elevou as novas músicas a outro nível», por Mikko P. Mustonen, que mais uma vez tratou das orquestrações, e pelo violino de Lassi Logren, que gravou os instrumentos folclóricos.

A maior diferença entre “Thalassic” e o resto da discografia de Ensiferum tem a ver com o facto de este ser o primeiro álbum a ser construído à volta de uma temática. «A ideia começou a surgir quando estava a dar entrevistas sobre “Two Paths”. Muitos jornalistas perguntavam se era um álbum temático, e apercebi-me que estava a responder sempre a mesma coisa – é quase impossível fazermos um álbum temático por causa da maneira como compomos. Isso começou a chatear-me e a decisão foi tomada: o próximo álbum teria um tema. Nessa altura, já tínhamos algumas músicas quase prontas para o próximo álbum, e comecei a ouvir as demos muito mais pelo aspecto do sentimento em vez de analisá-las musicalmente. Por alguma razão, todas me levaram a uma costa e o tema foi encontrado: algo relacionado com mar ou água. Comecei a ler sobre História, mitos e lendas de todo o mundo que tinham algo a ver com o tema, mas, embora todas as letras sejam obviamente inspiradas por isso, tentei dar o meu melhor para manter a mentalidade heróica dos Ensiferum. No final, havia muitas ideias para letras, porque não estabeleci limites – como se todas as histórias tivessem que ser nórdicas – e uma das minhas músicas favoritas deste álbum fala sobre Andrómeda da mitologia grega. Não posso prometer que este tipo de letras será o futuro de Ensiferum, mas pelo menos fizemos isto uma vez.»

“Thalassic” foi gravado e produzido por Janne Joutsenniemi, que já tinha estado envolvido em “Victory Songs” (2007) e “From Afar (2009)”. «Gostamos de ir para estúdio quando 99.9% das músicas estão prontas, portanto o trabalho principal do produtor é dar cabo de nós enquanto gravamos. Claro que o Janne Joutsenniemi é um produtor de classe mundial, e pedíamos-lhe opinião caso estivéssemos com dúvidas. Foi realmente um prazer trabalhar com ele novamente, e acho que esta foi uma das sessões de estúdio mais fáceis em que já participei. Estamos extremamente satisfeitos com o resultado. É muito mais fácil quando se fazem demos em condições, assim toda a gente fica com uma imagem muito boa de como cada música soará.»

Sobre o futuro, o colectivo finlandês pretende continuar a fazer o que faz melhor. «Temos o privilégio de sermos músicos a tempo inteiro, mas nunca se sabe o que o futuro reserva. Espero que possamos continuar a fazer o que mais gostamos. Espero que aconteça uma digressão com uma banda maior, porque na cena folk / pagan / battle toda a gente conhece Ensiferum – portanto, Steve Harris, se estiveres a ler isto: estamos prontos!»