Enigma Experience: as várias sombras do stoner rock
Subsolo 17 de Novembro, 2020 Metal Hammer
Origem: Suécia / Noruega
Género: stoner rock
Último lançamento: “Question Mark” (2020)
Editora: Fuzzorama Records
Links: Facebook | Bandcamp
Com membros de Truckfighters, Dango é o porta-voz de Enigma Experience, banda que faz um stoner rock muito catchy e que tem em “Question Mark” o seu novíssimo álbum.
«Música é emoção.»
Percurso: «Não tinha um objectivo específico além de compor qualquer música que saísse da minha mente. Claro que queria fazer uma obra-prima rock, e acho que cabe aos fãs decidirem se atingi esse objectivo! Trabalhei intermitentemente neste álbum durante mais de dois anos e devo dizer que estou extremamente orgulhoso do resultado. É um álbum muito diverso que não se encaixa num género específico. Tem algumas partes melosas e melancólicas e alguns riffs muito pesados! Às vezes também há guitarra acústica.
Acho que é um bocado progressivo na estrutura das músicas. Poucas músicas têm o clássico verso-refrão-verso-quebra-refrão. Compus as músicas com groove, fluxo e sentimento como foco. A combinação entre letras muito sérias, que significam muito para mim, e a incrível voz do Maurice faz com que este álbum se destaque.
Compus tudo, excepto as melodias vocais e as letras, em 2-3 meses, logo depois de decidirmos entrar em hiato com Truckfighters, em Dezembro de 2017. O período antes desse hiato não foi muito inspirador, com muitas emoções estranhas. Acho que quando o hiato finalmente aconteceu, o que já sabíamos há algum tempo, consegui simplesmente libertar a minha criatividade, sem ter que prestar atenção a ninguém ou a nada. Foi libertador! Eu tinha uma grande necessidade reprimida para ser criativo, e as músicas simplesmente fluíam como se estivesse numa missão dada pelo próprio deus do rock and roll.
O Pezo é um grande talento na bateria. Conhecemo-nos há muito tempo e tudo o que tive de fazer foi trazê-lo ao estúdio – e ele conjurou a sua bateria de outra dimensão. Na maioria das vezes, ele nem ouvia as músicas antes, nós apenas examinávamos tudo no local. Sobre as guitarras eléctricas e o baixo, gravei em casa e reapliquei no estúdio. Algumas patres de guitarra eléctrica foram gravadas no estúdio, mas não me lembro de quais. Contudo, as partes acústicas foram feitas no estúdio.
No final da Primavera de 2018, a maioria das músicas foi gravada. Nessa altura, um amigo meu, que era para ser o vocalista, saiu do projecto e entrei numa espécie de limbo mental sem saber como proceder. Isso fez com que o projecto parasse durante muito tempo, mais do que pensava. De alguma forma, acho que estava apenas à espera do vocalista certo. Também me mudei para uma nova casa e passei por uma separação durante este período de espera pelo vocalista certo. Talvez isso também tenha afectado porque eu simplesmente não fiz muito no projecto durante um longo tempo. Claro que tentei alguns sons, trabalhei na mistura e coisas assim, às vezes sem vozes, mas não foi intenso. Isso durou cerca de um ano, quando decidi: ‘F*da-se, vou cantar eu mesmo.’
Já tínhamos decidido voltar à estrada com Truckfighters, e eu queria terminar o álbum antes de acordarmos TF do hiato. Por isso, no início do Verão de 2019, comecei a escrever letras e melodias vocais e pratiquei muito o meu cantar. Demorei mais ou menos todo o Verão até ficar satisfeito e não consegui terminar antes de voltar aos palcos com Truckfighters, algo que, apesar da digressão com TF atrasar o lançamento deste álbum, realmente acabou por ser uma bênção. Conheci o Maurice quando cantou na banda que abriu a noite quando tocámos em Oslo, Noruega, com Truckfighters em Novembro de 2019. Rapidamente, sentimos que estávamos na mesma página e ele veio à minha casa para gravar as vozes. Rapidamente percebi que deveria tornar-me um vocalista de apoio! Foi uma experiência muito porreira.»
Conceito: «“Question Mark”, quando se trata do título do álbum, quer dizer que, quando comecei a compor, não sabia como a música ficaria, então era uma charada. É também um reflexo do facto de que acho muito difícil inserir a música num género específico, já que o álbum é muito diverso com diferentes ondas de rock.
Em termos musicais, o conceito é o estado de espírito, o fluxo, a onda. Música é emoção.
Todas as letras têm um assunto muito sério. O álbum lida com a angústia das redes socais, vivendo-se como um estranho no mundo ‘normal’, depressão, corrupção e o facto de que as pessoas num grande grupo parecem perder a sua inteligência, deixando a angústia transformar um lugar seguro mental numa prisão e viver-se com autismo, mas vendo-se possibilidades em vez de obstáculos. É um álbum muito pessoal para mim.»
Referências: «Tento fazer algo novo, misturando todos os tipos de rock de que gosto. Acho que o álbum deverá agradar a fãs de Toll, Soundgarden, Kyuss, Truckfighters, Opeth, entre outros. Como se pode ver, é bastante diverso!»
Review: Com uma sonoridade afecta ao rock, esta banda oriunda do norte da Europa transfere a base do referido género para territórios relacionados ao stoner rock devido às guitarras graves e gordas, o que proporciona um ambiente robusto e equilibrado. Com ganchos cativantes, tanto vindos da guitarra como da voz ampla, os Enigma Experience são uma proposta interessante e inteligente. Em poucas palavras, é uma banda indicada para fãs de Mastodon, Alice In Chains, Kyuss e Monolord.

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