Fica o sentimento de que eram capazes de mais, fica a sensação de que regressaram aos discos a medo.

Editora: Code666
Data de lançamento: 18.09.2020
Género: post-black metal
Nota: 3/5

Fica o sentimento de que eram capazes de mais, fica a sensação de que regressaram aos discos a medo.

Com uma carreira iniciada em 2010 e com um primeiro álbum a ser lançado em 2011, Dynfari é mais uma daquelas bandas que brotou da prolífica cena islandesa, tendo-se mantido na zona em que os radares ainda cobrem. Em 2020 chegam ao quinto álbum “Myrkurs er þörf”, um trabalho que continua a mostrar uma banda que explora vários espectros, do post-metal ao black metal, passando um pouco pelos campos de uma sonoridade mais alternativa.

Sempre muito melancólicos e consternados, os Dynfari, entre picos e vales, entre melodia e dissonância, parecem surgir algo tímidos. A sonoridade particular do grupo é evidente e percebe-se facilmente que se trata de Dynfari, mas as primeiras cinco faixas parecem esconder as reais habilidades da banda – fica o sentimento de que eram capazes de mais, fica a sensação de que regressaram aos discos a medo, fica a perspectiva de que algumas coisas soam a retalhos e não a um corpo completo. Podemos dizer que tal não devia acontecer a uma banda que já tem cinco álbuns na bagagem, mas os artistas também são humanos e não estão imunes à falta de inspiração – e não é que haja realmente falta de inspiração, mas há, por certo, um nível de fulgor que não foi plenamente atingido.

Todavia, o álbum é salvo pelas três últimas faixas. Na bem conseguida e estruturada “Ég tortímdi sjálfum mér” entram pelos caminhos do metal depressivo, com muitas influências nos suecos Shining (das guitarras à voz), e do post-rock, através de leads cintilantes e ecoados que cativam quem ouve como ainda não tinha sido feito nos temas anteriores. A destoar dos 4-6 minutos por faixa, “Peripheral Dreams”, com os seus quase 11 minutos, oferece-nos os Dynfari que muito gostamos: negros, densos, melódicos, melancólicos, hipnóticos – caso para se dizer: finalmente, foi preciso chegarmos quase ao fim do disco para isto! Mas mais vale tarde do que nunca, não é? Mais composições como esta e “Myrkurs er þörf” seria muito mais memorável num sentido positivo. A finalizar, “Of Suicide and Redemption” prossegue a corrente post-black metal com mais lances de velocidade melódica e atmosférica, bem com com segmentos mais calmos que evidenciam alguma agonia, o que só nos dá razão quando dizemos que se optassem mais por este caminho obteriam um resultado mais satisfatório no seu todo.