Deep Purple “…in Rock”: para sempre cravado na pedra
Artigos 3 de Junho, 2020 Diogo Ferreira

Fundados em 1968, os Deep Purple tornaram-se num dos nomes mais influentes dentro dos géneros heavy metal e hard rock, sendo considerados por muitos como uma banda proto-metal ao lado de grupos seus contemporâneos como Black Sabbath.
Em 1970 lançavam o quarto LP “Deep Purple in Rock”, valendo-lhes finalmente vasto reconhecimento no Reino Unido. Este foi também o primeiro álbum a ser gravado pela formação Mark II, que consistia em Ian Gillian, Ritchie Blackmore, Roger Glover, Jon Lord e Ian Paice, ainda que esta line-up já tenha antes lançado o single “Hallelujah” e o ambicioso “Concerto for Group and Orchestra” (1969).
A formação Mark II estreou-se em Julho de 1969 e cedo perceberam que havia química musical entre si, um passo importante para começarem a ensaiar, sendo nessas sessões que começou a ser trabalhada a estrutura base de “Child in Time”.
Músicos de processo rápido, os Deep Purple gravaram “…in Rock” entre Outubro de 1969 e Abril de 1970 com vários concertos pelo meio, o principal meio de subsistência do quinteto. Já conhecidos na América do Norte, o LP esteve em risco de não ser lançado nesse território devido à Tetragrammaton abrir falência, mas a Warner Bros surgiu e teve um papel preponderante para que os Deep Purple continuassem a sua ascensão nos EUA e Canadá.
Ao contrário dos álbuns da formação Mark I, que em todos estavam presentes covers, as faixas de “…in Rock” são creditadas aos cinco membros de Deep Purple, com especial destaque para a frenética “Speed King” (que proporcionou alucinantes momentos de improviso ao vivo), “Flight of the Rat” (devido ao ritmo positivo e ao solo de bateria final), “Black Night” e “Child in Time”, esta considerada uma das criações mais proeminentes da era Mark II, especialmente antes de “Smoke on the Water” (1972).
Com uma estrutura prog, algum sentido psicadélico e já com algumas noções de heavy metal, “Child in Time” é baseada em “Bombay Calling”, um original de It’s a Beautiful Day, algo que os Deep Purple nunca esconderam, como Gillian conta no seu website: «Era 1969 e a banda estava a ensaiar num centro comunitário em West London – era em Southall ou Harnwell. O Jon Lord estava na brincadeira (ou a ‘improvisar um tema’ como se diz no meio) com um tema do novo álbum dos It’s a Beautiful Day – era “Bombay Calling”. Comecei a cantar e as letras surgiram facilmente porque estávamos todos cientes da ameaça nuclear que pairava sobre nós numa altura em que a ‘guerra fria’ estava mais quente.»
Décadas volvidas, Ritchie Blackmore estava certo quando sentia que Deep Purple não podia ser apenas mais uma novidade. Antes de 1970, o próximo álbum dos ingleses tinha de ser um assalto, tinha de ser dramático e excitante – e foi! “Deep Purple in Rock” fica para a história como um dos discos mais importantes do rock n’ roll, que ajudou a abrir os grandes portões do heavy metal e do prog mais pesado.

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