“Violent Portraits of Doomed Escape” é um disco repleto de sentido criativo, aventureiro, equilibrado e inteligente. Black Crown Initiate “Violent Portraits of Doomed Escape”

Editora: Century Media Records
Data de lançamento: 07.08.2020
Género: prog metal
Nota: 4/5

“Violent Portraits of Doomed Escape” é um disco repleto de sentido criativo, aventureiro, equilibrado e inteligente.

As boas reviews a lançamentos anteriores podem provocar várias sensações, tanto no seio da banda como no recipiente final que é o ouvinte. Enquanto, por um lado, tal situação pode originar alguma ansiedade e pressão na banda que está prestes a incluir mais um item na sua discografia, sem esquecer que isto também pode ser uma ignição para se fazerem coisas ainda melhores e mais arrojadas, por outro lado, o fã quer que o próximo trabalho seja ainda melhor do que anterior, criando-se assim uma expectativa à volta do que aí vem.

Ora, isto aplica-se directamente aos Black Crown Initiate, que não só chegam ao terceiro álbum como dão o salto para a poderosa Century Media Records. Mas, e veremos de seguida, nada há a temer: “Violent Portraits of Doomed Escape” é um disco repleto de sentido criativo, aventureiro, equilibrado e inteligente.

Ao longo de cerca de 50 minutos, estes norte-americanos colocam neste álbum tudo aquilo que o prog metal necessita para conquistar os melómanos mais exigentes. O principal aspecto que daqui podemos retirar passa pelo equilíbrio estrutural que insere no mesmo plano agressividade e suavidade. Isto é, ao lado de sequências complexas de guitarra, que algumas vezes nos remetem para o djent / modern metal, e de growls horripilantes que se geram no âmago, somos também convidados a excursões melódicas cheias de sentimentalismo provenientes da guitarra luzidia e da voz limpa. É como se Opeth e Enslaved de um lado se encontrassem a compor com Pain Of Salvation e Borknagar do outro.

Para além de toda esta mescla de influências – o que deve ser visto como elogio e não como cópia, porque os Black Crown Initiate são muito próprios no que fazem –, expandem o seu prog metal com a inclusão de breves e belas guitarras acústicas em “Invitation”, exotismo em “Holy Silence” que mistura Jinjer e Leprous, uma espécie de throat singing em “Bellow” e toda uma panóplia de componentes em “Death Comes in Reverse”, o tema mais estranho, experimental e comovente do disco ao funcionar como uma espécie de ritual espacial devido principalmente aos teclados alienígenas, como se algo estivesse no nosso encalço. Sobre esta faixa, Andy Thomas (guitarra, voz limpa) comentou: «”Death Comes in Reverse” foi composta durante um dos pontos mais baixos da minha vida. Sentia-me como se estivesse a viver na infinita luz do dia, e o sono era muito fugaz. Musicalmente, é uma faixa muito diferente vinda de nós, e estou muito contente sobre como ficou. É centrada numa temática básica, e estou muito orgulhoso de como fomos capazes de expandi-la numa música multifacetada e dinâmica.»

Com um álbum que só será plenamente percebido e sentido quando ouvido e não quando lido, que é o caso com esta análise, “Violent Portraits of Doomed Escape” será porventura considerado um dos melhores álbuns de prog metal de 2020 e, certamente, ganhará o respeito dos seus pares e, mais importante, dos adoradores de música, sejam eles novos ou velhos fãs.