Bent Knee “You Know What They Mean”
Reviews 10 de Outubro, 2019 Fernando Reis


Editora: InsideOut Music
Data de lançamento: 11.10.2019
Género: prog rock
Nota: 4.5/5
É fácil perdermo-nos nos pormenores quando analisamos – ou tentamos explicar – uma banda como Bent Knee. O sexteto de Boston tem aquilo a que se chama uma mão cheia de argumentos musicais: são formados na Berklee College of Music, dão concertos explosivos, boa parte dos seus elementos apresenta carreiras a solo muito interessantes e a sonoridade da banda consegue abarcar rock alternativo, progressivo, pop, metal, R’n’B, jazz e vanguardismo. Claro que, com estes argumentos, será normal ver um desfilar de adjectivos superlativos nas críticas a este quinto disco dos Bent Knee, sabendo como sabemos que os jornalistas musicais adoram bizarrias que possam transvestir de “a próxima grande cena”, embrulhá-las em papel de qualidade e apresentar ao ouvinte comum.
No entanto, tudo isto são pormenores. Porque o colectivo norte-americano quer mesmo é evoluir para todos os lados da sua sonoridade e dar um passo em frente em cada disco que edita. E é isso que “You Know What They Mean” mostra: pura evolução, num big bang de distorção, ruído, mas também de canções pop irresistíveis e geniais piscadelas de olho aos anos 1970, entre outras surpresas. No meio disto tudo, os Bent Knee estão literalmente a borrifar-se para a coesão de um disco que tem de um lado do espectro a quase insuportavelmente pesada “lovemenot” e, do outro, a magia melódica que explode no refrão de “Catch Light”. E, lá está, os riffs monolíticos de Ben Levin, a poderosa voz de Courtney Swain e a incrivelmente dotada secção rítmica composta pelo baterista Gavin Wallace-Ailsworth e pela baixista Jessica Kion – todos se submetem à evolução evocada pelos Bent Knee.
Para os fãs, é fácil perceber o experimentalismo de um projecto como Paper Earth no tema “It Happens” ou a influência das constantes digressões dos Bent Knee em “Bone Rage”. E esses – os que de alguma forma descobriram a banda no passado e perceberam a sua magia – serão compensados com um disco mais directo, com menos camadas mas mais intensidade e o tal passo em frente em todas as direcções. Os outros, depende do ângulo em que ‘virem’ os Bent Knee pela primeira vez. Porque o colectivo de Boston, pensando exclusivamente em si próprio e fazendo um disco que requer audições repetidas e sério investimento de tempo para ser apreendido na totalidade, mostra não ser deste tempo e não fazer música para estes tempos. Numa altura em que se consomem discos de uma audição e fórmulas RIYL (recommended if you like) batidas, é suicídio comercial ou genialidade artística. Ou ambos.

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