Conhecidos como uma das bandas históricas do death/doom metal melódico, os My Dying Bride têm na sua discografia álbuns relevantes como...

Conhecidos como uma das bandas históricas do death/doom metal melódico, os My Dying Bride têm na sua discografia álbuns relevantes como “Turn Loose The Swans” (1993), “The Dreadful Hours” (2001) ou “A Map of All Our Failures” (2012), e algo que lhes dá muito gosto, e aos fãs também, tem a ver com compilações e boxsets. A nova intitula-se “A Harvest of Dread” e contém um best-of, raridades (em demo e pré-produção) e um concerto na Holanda em 1997. A caixa de 5 CDs e um livro de 92 páginas foi lançada pela Peaceville Records.
Cientes de que aquilo que fazemos está sob influência de fluxos externos, a baixista Lena Abé selecciona aquelas que, para si, são as músicas mais tristes e miseráveis de que tem memória.

My Dying Bride

NINE INCH NAILS – Hurt (The Downward Spiral, 1994)
“Olhando para o catálogo de Nine Inch Nails, isto é o pico emocional. É cantada muito suavemente mas é muito crua, e as letras são absolutamente perfeitas. É uma música muito pessoal para mim e tenho a certeza que o é para muitas pessoas. Apanha-me de surpresa sempre que a ouço por ser uma música tão incrível. Não sou muito fã da versão do Johnny Cash, para mim existe a original.”

VIRGIN BLACK – …and I Am Suffering (Requiem: Mezzo Forte, 2007)
“Não percebo como é que os Virgin Black não são mais populares. O nosso guitarrista, o Andrew [Craighan], apresentou-me a eles, [e] disse-me que eles são mais My Dying Bride do que nós! É uma daquelas músicas contraditórias; é linda mas triste ao mesmo tempo, não é tradicionalmente sombria como um monte de bandas doom, é mais sobre o contraste da beleza e tristeza. As guitarras são espessas e mal-humoradas, as malhas são esmagadoras e movem-se como uma banda-sonora realmente emocional.”

EINSTÜRZENDE NEUBAUTEN – Sabrina (Silence Is Sexy, 2000)
“É importante para mim, não apenas musicalmente mas também por causa do vídeo; não consigo ouvir a música sem assistir ao vídeo, faz sentido tudo junto. É uma música muito trágica sobre identidade, daquilo que és versus o que queres ser. Toda a atmosfera é muito sombria e inquietante, e é ainda mais arrepiante pelo vídeo. É muito pessimista e simplista também, é algo em que te podes realmente perder. Adoro a banda, absolutamente genial.”

TYPE O NEGATIVE – Red Water (Christmas Mourning) (October Rust, 1996)
“É mesmo todo o álbum – o October Rust é um dos meus álbuns favoritos, mas esta música em particular. É por causa de como começam os teclados, assombrando e arrebatando, [e] das letras dolorosamente tristes sobre perda pessoal durante o que deveria ser uma época feliz do ano. É por causa das guitarras pesadas e profundas, que são realmente lentas e catastróficas; consegues deixar-te levar por elas – e é claro que fica ainda mais triste com a morte do Pete [Steele]. É uma música muito emotiva.”

PORTISHEAD – Roads (Dummy, 1994)
“Os My Dying Bride fizeram uma cover em 1998, mas para mim isto está ligado ao que me atraiu para a música triste; era altura para isso, eu era uma adolescente angustiada naquela época! Com esta música, não são as letras que causam dano, é a voz de Beth Gibbons. É simplesmente dolorosa. O álbum inteiro é sombrio e desesperado, mas para mim é esta faixa que se destaca.”

LOSS – Cut Up, Depressed And Alone (Despond, 2011)
“Isto está no outro lado do espectro! Não há nada de positivo sobre o nome, o título do álbum, o título da música; é simplesmente sombrio do início ao fim. Há uma realidade e uma convicção que são realmente raras. Muitas músicas como esta podem ser um pouco artificiais, mas isto é tão genuíno, há uma atmosfera de escuridão e frio. É realmente… muito perturbador.”

THE ANGELIC PROCESS – We All Die Laughing (Weighing Souls With Sand, 2007)
“Adoro esta banda, absolutamente. É uma paisagem sonora muito espessa com muitas camadas; é o tipo de coisa que podes ouvir muitas vezes e encontrar sempre algo diferente. É realmente confuso e onírico, mal consegues distinguir as letras de todos os gritos torturantes. Novamente, é mais uma música levada a um nível diferente, porque o vocalista [Kris Angylus] acabou por se matar depois de uma lesão que ditou que não podia tocar mais música. Esta música é caótica, sem esperança e consome tudo, é um rolo compressor. É uma banda de culto absoluto. Não encontrarás os seus CDs – vi um no Discogs que ia até cerca de £120.”

PLACEBO – Without You I’m Nothing (Without You I’m Nothing, 1998)
“Suponho que se pode ficar nostálgico sobre as primeiras [canções] favoritas, mas volto a elas e parecem atemporais. O sentimento do título é bastante avassalador, é uma situação que não vai acabar bem. A maneira como a música se move, há [nisso] algo de ominoso e destrutivo com o crescendo até ao fim, com aquele ritmo balançante. Se és adolescente e estás infeliz, Placebo é exactamente onde vais querer estar!”

LIFE OF AGONY – How Would It Be (Ugly, 1995)
“Não é instantaneamente algo que parecerá deprimente ou miserável por ser uma banda mais virada para o hardcore, mas é mais uma música sobre perda pessoal. Não há absolutamente nenhuma arte nas letras, são quase honestas demais. É como uma página de um diário sobre a morte da mãe. Sente-se a dor dele. Ouvi esta música ao vivo, há muito tempo, quando ele começou a chorar e não a conseguiu terminar. Dei-me realmente conta de como era pessoal para ele, e acho que eles não a tocaram mais ao vivo desde aí.”*
*Em 1995, Mina Caputo ainda era Keith Caputo, daí o uso de ‘ele’ e não ‘ela’.

LIFELOVER – Mental Central Dialog (Konkurs, 2008)
“Uma música muito deprimente. Há apenas dois versos em sueco e dizem simplesmente ‘não consigo encontrar nenhuma resposta’ e ‘há alguma resposta?’. Ao longo da música, o vocalista nunca o diz da mesma maneira, as vozes ficam cada vez mais desesperadas, com suspiros pelo meio. É esmagador mas suga-te, e o desempenho vocal sente-se ser completamente genuíno.”

MAKE A CHANGE… KILL YOURSELF – Chapter I (Make A Change… Kill Yourself, 2005)
“Isto é de um álbum com quatro músicas, portanto as faixas são muito longas e demoram o seu tempo. A música de abertura é bem lenta e repetitiva, mas suja e crua como se espera do black metal. É brutalmente executada; o único objectivo desta música é derrubar-te. E isso acontece.”

Consultar artigo original em inglês.