Quando na segunda metade da década de 1990 o black metal começava a querer afastar-se do caos sanguinário, o death metal começava a ficar...

Quando na segunda metade da década de 1990 o black metal começava a querer afastar-se do caos sanguinário, o death metal começava a ficar mais limpo e as seminais banda de death/doom metal começam a incluir elementos externos e opostos à sujidade do género (originando o dark metal), houve um grupo que teimou em remar contra essa maré. Falamos de Akercocke.

Com crédito de fundação para Jason Mendonça e David Gray, ainda que Paul Scanlan e Peter Theobalds pertençam à primeira formação, os Akercocke surgiram em 1997, e em Dezembro de 1999 lançavam o debutante “Rape of the Bastard Nazarene”, um disco de death metal com um título e uma capa provocadores. Em consonância, a sonoridade era também inversa ao que se ouvia mais amplamente naquele tempo.

Obtendo atenção devido também à presença em palco, aos fatos icónicos e à mensagem satânica cruzada com sexo, a banda foi aplaudida por revistas como a Terrorizer no momento de lançamento de “Rape of the Bastard Nazarene”.

Com “Rape of the Bastard Nazarene”, as pedras angulares da blasfémia ardente, do sexo demoníaco e do experimentalismo astuto estavam lançadas.

Se o conceito e a produção crua dos Akercocke iam contra a direcção tomada naquela época por uma vasta maioria de outras bandas e editoras, a visão musical era, por outro lado, virada para o futuro interno ao incorporarem elementos de post-punk e gótico em faixas como “Marguerite & Gretchen”, denotando assim a capacidade criativa de uma banda que em certa parte se regia pelos moldes lamacentos do death/black metal mas que, ao mesmo tempo, não seguia todas as regras dogmaticamente, o que os catapultou definitivamente para um palco experimental e provocativo. Ainda assim não podemos deixar de referir temas mais relacionados ao death metal, como “Hell” e “Zulieka”, que ostentam poderosos riffs e growls opressivos.

“Rape of the Bastard Nazarene” poderá ser certamente o álbum mais primitivo de Akercocke, mas as pedras angulares da blasfémia ardente, do sexo demoníaco e do experimentalismo astuto estavam lançadas para o que viria seguidamente ainda numa primeira fase da carreira com discos como “The Goat of Mendes” (2001) e “Choronzon” (2003).

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