10 vezes que o metal chegou às manchetes pelas razões erradas
Artigos 15 de Agosto, 2020 Metal Hammer
Os grandes media não querem saber do metal com muita frequência. E quando querem, geralmente é por um motivo bastante absurdo.
O mundo do metal vive alegremente fora do mainstream, com apenas alguns dos maiores artistas a receberem atenção considerável fora da imprensa rock. Infelizmente, é apenas quando a tragédia ataca – quando alguém faz algo absolutamente repugnante ou as notícias mainstream e as suas figuras interpretam mal os muitos estilos e diferentes subculturas do género – é que as bandas chegam às manchetes nacionais e internacionais. Esta é a nossa lista sobre quando o metal chamou a atenção do mundo por razões completamente erradas.
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Alice Cooper choca o Reino Unido
Décadas antes de se tornar o renascido avô do rock e amante de golfe, o público em geral achava que Alice Cooper era genuinamente assustador. A proeminente activista anti-diversão Mary Whitehouse ficou tão apavorada que baniu, com sucesso, o hino de 1972 de Cooper, “School’s Out”, do Top of the Pops. Como Alice subsequentemente fez notar, isso impulsionou inadvertidamente a música para o número 1 nas tabelas.
Quinze anos depois, o espectáculo gráfico de Cooper, inspirado em terror, foi alvo do político trabalhista [Labour Party] David Blunkett. A campanha falhou e Alice continuou alegremente a ter a sua cabeça decepada desde então.
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PMRC vs metal
Lembram-se daqueles adesivos de Controlo Parental nos álbuns? Temos de agradecer ao Parents Music Resource Center (PMRC) por isso. Liderado por Tipper Gore, a esposa do senador Al Gore, em 1985, o PMRC elaborou uma lista de 15 músicas contra as quais se opôs devido a temas como sexo, drogas, violência e ocultismo, com muitas bandas de metal a juntarem-se a nomes como Prince e Madonna. Felizmente, o vocalista dos Twisted Sister, Dee Snider, estava disponível para ajudar ao tomar uma posição numa televisionada audiência do comité do Senado, vestindo calças de ganga e a parecer que tinha acabado de sair do palco, para hastear a bandeira dos chamados ‘Filthy Fifteen’ e da expressão artística. No processo, até insinuou que Tipper Gore tinha uma mente suja.
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Judas Priest são processados
Quando um trágico suicídio de dois fãs adolescentes dos Judas Priest em Sparks, Nevada, em 1985, foi atribuído a mensagens subliminares no disco “Stained Class”, os deuses do metal de Birmingham foram forçados a ir a tribunal para se defenderem a si próprios e a todo o género. A ridícula acusação acabou por ir a julgamento em 1990, quando foi apontado que embora se pudesse discernir vagamente «Let’s be dead» e «Do it» se se tocasse o disco ao contrário, também se poderia ouvir «Give me a peppermint» e «Hey ma, my chair’s broken».
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Marilyn Manson leva com as culpas de Columbine
Uma década depois, outra tragédia americana foi novamente atribuída ao metal pelos media que procuravam um bode expiatório fácil. Após o assassínio de 12 estudantes e um professor na Columbine High School no Colorado em 1999, políticos e media dos EUA fizeram afirmações sensacionalistas de que os assassinos tinham sido influenciados por Marilyn Manson e a música do seu grupo, que glorificava a violência. Manson manteve-se articulado nas suas respostas às acusações, incluindo um artigo na Rolling Stone, mas o seu nome está inexoravelmente ligado a essas reacções histéricas e equivocadas.
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Senador Bob Dole ataca Cannibal Corpse
Conhecidos pela controvérsia em todo o mundo devido às suas letras e imagens, os réis do death metal de Buffalo, os Cannibal Corpse, já haviam conquistado a atenção do público pela sua aparição em “Ace Ventura: Pet Detective”. No entanto, um ano antes de desafiar Bill Clinton na corrida presidencial, o senador republicano Bob Dole daria à banda ainda mais cobertura quando a acusou, e a vários artistas rap, de «minar o carácter da nação». O baixista dos Cannibal Corpse, Alex Webster, comentou mais tarde que isto teve o impacto oposto do pretendido: «Foi uma espécie de honra. Estamos felizes por termos conseguido chamar a sua atenção.»
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Anthrax são ligados aos ataques de antraz durante o 11 de Setembro
Quando as lendas do thrash de Nova Iorque, os Anthrax, surgiram com o seu nome em 1981, provavelmente não previram a tempestade de merda que eclodiria 20 anos depois. Uma semana depois dos ataques terroristas de 11 de Setembro, mais cinco pessoas morreram quando cartas cheias de antraz foram enviadas para os media e escritórios do Partido Democrata, com a banda a ter que mudar temporariamente o seu site devido ao tráfego que estava a receber. Felizmente, a planeada mudança de nome para Basket Full of Puppies foi apenas uma piada.
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Uma t-shirt de Cradle of Filth em apuros
A jornada dos Cradle Of Filth, dos Brat Princes of Black Metal aos fofinhos tesouros nacionais, é estranha, até porque são sinónimo da peça de roupa mais ofensiva desde a minissaia.
A famosa t-shirt “Vestal Masturbation” apresenta uma freira a obter prazer com um crucifixo na frente e a frase “Jesus is a C**t” nas costas. Vários fãs, e até mesmo o ex-baterista dos Cradle, Nicholas Baker, meteram-se em apuros por usá-la desde o seu lançamento em 1993. O célebre Lorde Provost of Glasgow, Alex Mosson, proibiu a vestimenta na loja da cidade, a Tower Records, em 2001, considerando-a «doentia e ofensiva» – era o objectivo.
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Body Count arreliam Ben Hur
É seguro dizer que “Cop Killer”, do álbum de estreia homónimo dos Body Count, abanou algumas penas quando foi lançado em 1992, com o presidente dos Estados Unidos, George HW Bush, e Tipper Gore (novamente) a não ficarem entusiasmados com a violenta denúncia da música sobre a LAPD. Mas enquanto o líder Ice T apontou continuamente que está meramente a desempenhar um papel na música, a lenda de Hollywood, Charlton Heston, não viu dessa forma, e entrou no debate a ler a letra da música numa reunião de accionistas da Warner Bros. Ice removeria a música das edições subsequentes do álbum, mas ainda assim recebe a maior resposta em tudo o que é Body Count – portanto, quem é o verdadeiro vencedor?
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Tim Lambesis, dos As I Lay Dying, planeia matar a esposa
Tim Lambesis era um homem ocupado no início dos anos 2010. O vocalista, com os ilustres do metalcore, os As I Lay Dying, renunciou ao seu cristianismo, mandou carradas de esteróides e embarcou num caso extraconjugal que acabou com o seu casamento. Ah, e depois tentou que a sua ex-mulher fosse assassinada.
Foi este último caso que nos levou a uma das cenas mais surreais da década: a de um Lambesis de rosto taciturno, vestido com o uniforme da prisão, a ser levado lamentavelmente ao tribunal a 16 de Maio de 2014 para receber uma sentença pela sua participação na trama para matar a sua ex-esposa, Meggan.
A estrada que o levou até lá parece o enredo de um filme mau dos Coen Brothers. Em Maio de 2013, Lambesis perguntou a um colega do ginásio se conhecia algum assassino, resultando no associado alarmado a ir às autoridades, que armaram uma cilada que envolveu o vocalista insuspeito a concordar em pagar 20.000 dólares americanos a um assassino falso numa biblioteca pública.
O júri não aceitou a defesa sobre o mau uso de anabolizantes por parte de Lambesis e sentenciou-o a seis anos de prisão. O seus colegas de banda distanciaram-se prontamente dele – embora não tão longe, porque voltaram a reunir-se de forma controversa quando foi libertado em 2018.
O regresso de Lambesis polarizou a comunidade metal: para alguns, a sua contrição pelos seus crimes e o trabalho subsequente nas áreas do vício e saúde mental significam que deveria ter uma segunda hipótese; para outros, um idiota misógino que tentou matar a esposa.
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Daily Mail diz que My Chemical Romance é uma ‘banda de culto suicida’
Quando o Daily Mail pega com uma das muitas subculturas do rock, pega com todas. Novamente a alimentar-se de uma tragédia – o suicídio de Hannah Bond em 2008 – e a culpar a música, o jornal afirmou que o estilo emo foi o responsável ao catalogarem especificamente os My Chemical Romance como líderes de um «culto suicida emo» obcecado por depressão e automutilação. O artigo levou os fãs a protestarem à frente dos escritórios do Daily Mail, mas não conseguiu provocar o pretendido pânico público sobre o género. O que, considerando que foi uma tentativa desagradável de vender jornais após uma tragédia, é como deveria ser.
Consultar artigo original em inglês.

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