Realizado em Julho de 1999 nos EUA, aquilo que seria a celebração dos 30 anos do Woodstock, com um cartaz repleto de grandes nomes... Woodstock ’99: caos, violência e fogo
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Realizado em Julho de 1999 nos EUA, aquilo que seria a celebração dos 30 anos do Woodstock, com um cartaz repleto de grandes nomes da música, e em particular do metal (Metallica, Megadeth, Korn, Rage Against The Machine, Godsmack, Limp Bizkit), transformou-se, em escala assustadora, num antro de violência.

De 22 a 25 desse mês, juntaram-se na localidade de Rome, Nova Iorque (com cerca de 33.000 habitantes segundo os censos de 2010), cerca de 400.000 pessoas que estavam sob um calor infernal (perto de 40 graus centígrados), que tinham de caminhar quase 4km entre os dois palcos principais e que tinham de despender quantias exorbitantes para se alimentarem sem terem de sair do recinto do evento, o que também não era grande opção porque Rome ainda ficava longe e as filas nos supermercados eram enormes ou então essas superfícies não tinham sequer armazenamento suficiente para centenas de milhares de pessoas.

Tudo isto parecia então uma cena de uma qualquer película cinematográfica pós-apocalíptica. Como nos filmes e nos livros desse género, há sempre um incitador à revolta e as massas acabam por ceder à tentação de realmente se revoltarem.

O incitador fora Fred Durst, vocalista dos Limp Bizkit, que no dia 24 de Julho e no auge do nu-metal nos EUA, proferia desde o palco palavras encorajadoras de violência num misto de consciência e ingenuidade: «Não deixem que alguém se magoe. Mas não acho que se devam conter. Isso é o que a Alanis Morissette queria que fizessem. Se alguém cair, levantem-no.» A interpretação do êxito “Break Stuff” seria o estalar do verniz e os contraplacados começaram a ser arrancados das estruturas, mas para Fred Durst aquilo era só um acto de expressão e ele próprio decidiu surfar uma das placas durante a performance de “Faith”. Para o vocalista aquilo era «maravilhoso», dizendo anos mais tarde no episódio sobre nu-metal da série televisiva “Metal Evolution” que «não tinha ideia de que algo negativo estava a acontecer». Durante o concerto, Durst tinha também pedido que o público se livrasse das energias negativas e as transformasse em positivas. Mal era sabia – ou será que sabia? – que as suas palavras seriam interpretadas erradamente. «Isso significava começar-se a saltar, não significava começar a violar e a incendiar – não foi isso que eu quis dizer», contou ao programa de Sam Dunn.

Na noite de 25 de Julho, o recinto do Woodstock tornar-se-ia primeiramente num cenário à “Apocalypse Now” e na manhã seguinte à “Mad Max”. Velas, distribuídas por organizações pacíficas e anti-armas, para se acenderem durante a interpretação de “Under the Bridge”, dos Red Hot Chili Peppers, foram a base de enormes fogueiras alimentadas por tudo o que era plástico. Ironicamente, a banda acabaria o seu concerto com “Fire”, um original de Jimi Hendrix.

Num saldo nada positivo, reportaram-se agressões sexuais durante os concertos de Limp Bizkit e Korn, alguns feridos e infraestruturas reduzidas a cinzas devido aos incêndios. Um indivíduo, de nome David DeRosia, acabaria por falecer após ter colapsado durante a actuação dos Metallica – os médicos falaram em hipertermia.