Voyager “Colours in the Sun”
Reviews 30 de Outubro, 2019 João Franco

Editora: Season Of Mist
Data de lançamento: 01.11.2019
Género: synth-pop /rock/ metal progressivo / djent
Nota: 4/5
Ao sétimo álbum, os Voyager conseguem finalmente um contrato com uma editora de maior dimensão, neste caso a Season of Mist. Prejudicados pela insularidade australiana, os Voyager ainda não conseguiram alcançar a notoriedade que merecem, tendo até recorrido a crowdfunding anteriormente. E o que é que os Voyager trazem agora ao público com este sétimo disco? Mais acessível, este “Colours in the Sun” segue um caminho quase paralelo à evolução de uns Leprous, embora sem atingir (ainda) o seu brilhantismo. Chamar-lhe um disco de metal progressivo seria redutor. Há melodias a rodos, sejam vocais ou instrumentais. A voz e as teclas de Danny Estrin podiam estar em muitos álbuns de synth-pop ou de pop-rock dos anos 1980. Reminiscências de Depeche Mode, Duran Duran e A-ha chegam até nós, bem como das faixas mais hard-rock dos Europe. Até a produção da voz de Danny Estrin e a sua keytar nos remetem certeiramente para os anos 1980. A isto mistura-se muitas vezes o djent das guitarras de Simone Dow e Scott Kay, dando origem a uma mistura ecléctica de synth-pop/rock/metal progressivo/djent.
“Colours”, a primeira faixa do disco, dá o mote para o que se segue – mistura equilibrada de pop e de metal, com riffs djent a surgirem em erupções esporádicas e os teclados synth-pop de Danny sempre presentes. Segue-se “Severomance” a iniciar-se em toada synth-pop até entrarem os pesados riffs de Scott e Simone. Há uma boa junção das melodias vocais com o instrumental e um bom solo de guitarra, que neste álbum raramente são utilizados, e a fechar até o blast-beat de Ash Doodkorte.
“Brightstar”, o primeiro single do álbum, é um dos melhores temas que os Voyager aqui nos apresentam. A uma primeira parte em que dominam os teclados de Danny Estrin e a sua voz a lembrar Depeche Mode, com grandes melodias vocais e excelentes linhas melódicas das guitarras, segue-se uma enorme avalanche de peso, e até slap no baixo de Alex Canion.
“Saccharine Dream” é mais rock – um tema de velocidade a meio gás, mas com excelentes arranjos focados na melodia. De novo, a voz afinada de Danny constitui uma mais-valia para a banda. Há um excelente solo a lembrar John Petrucci e o bom trabalho do baixo de Alex a fechar. “Entropy”, com Einar Solberg dos Leprous a colaborar na voz, injecta frescura a meio do disco, com as suas guitarras pesadas e teclados dançáveis. Solos ultramelódicos de teclados e de guitarra ajudam a criar uma atmosfera mais etérea em que se nota bem o talento dos Voyager.
Em “Reconnected”, as teclas iniciais remetem-nos para um saloon do Velho Oeste e depois somos brindados com o duplo bombo de Ash e riffs com cheiro a nu-metal, numa entrada triunfal de peso. Este tema é o mais pesado do álbum e um dos seus melhores momentos. Danny toca as suas teclas como se fosse para a banda-sonora de uma space-opera e a dupla Simone e Scott debitam riffs djent que são um dos toques da personalidade da banda. No final, o versátil Danny termina com teclados neoclássicos.
A curta “Now or Never” é puro Depeche Mode, com a voz e os teclados de Danny Estrin em total preponderância, num tema dominado pelos sintetizadores. “Sign of the Times” começa bem com uma linha vocal orelhuda, depois passa para um rock progressivo com o baixo de Alex a surgir à tona e ainda uns riffs e melodias à Running Wild a surgirem. Esta música acaba por recordar-nos que os Voyager também gostam de piscar o olho ao power metal.
“Water over the Bridge” começa muito bem com uma sequência de riffs djent por Simone e Scott, e mantém-se nessa toada pesada apesar dos devaneios pop da voz que nem sempre funciona neste início da melhor maneira, ao contrário de outros temas do disco. Alex faz destacar o seu trabalho no baixo e Ash também está impecável. O tema evolui para nos trazer reminiscências de Devin Townsend, nos seus momentos mais progressivos, com uma grande produção da voz, e, para fechar, a bateria de Ash destaca-se por entre os restantes instrumentos. “Runaway” fecha o disco e destaca-se pelas suas fortes influências de Depeche Mode, num tema menos metal e mais rock, e por um bom solo das teclas de Danny.
Este “Colours in the Sun” ganha com audições prolongadas que o deixam respirar e habituamo-nos em crescendo a esta mistura inesperada de synth-pop, rock, metal progressivo e djent, que no seu conjunto resulta muito bem, visto que todos os membros da banda demonstram o seu talento, sem descambarem no show-off. “Colours in the Sun” tem, no geral, uma aura bastante brilhante e inspiradora que faz querer carregar no replay.

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