O nono disco dos Ragnarok é sólido e deve ser ouvido pelo menos uma vez por quem diz que ouve black metal com regularidade.

Editora: Agonia Records
Data de lançamento: 15.11.2019
Género: black metal
Nota: 3.5/5

Sem exigências pode não ser a tradução plenamente directa de non debellicata, mas ambos se complementam. O termo em Latim firmou-se na história da Noruega, especialmente na da localidade de Saropsborg, quando, em 1286, Alv Erlingsson, senhor dessa terra e conhecido pirata que roubava navios dinamarqueses e alemães, escreveu ao governo escocês a dizer que a Noruega nunca seria derrotada, mesmo enfraquecida pelas guerras recentes.

Sob este mote, os Ragnarok imprimem em música essa postura e decisão de nunca desistirem. Consistentes no lançamento de discos, mas nem tanto no que diz respeito a line-ups, o fundador Jontho lidera mais um raide de black metal incisivo, rápido e, felizmente, tantas vezes melódico, como se pode verificar em óptimas faixas como “Bestial Emptiness”, “The Great Destroyer” e “Gerasene Demoniac”. Claro que a dissonância não é esquecida, e essa, sempre inquietante e avassaladora, pode ser encontrada logo na segunda “Chapel of Shadows”. Por outro lado, já na recta final deste registo, somos surpreendidos por uma veia épica em “Jonestown Lullaby” e até por algum sentimentalismo em “Asphyxiation”.

Com uma excelente produção – é um deleite ouvir o baixo ou as guitarras acústicas por cima das electrizadas (“The Gospel of Judas Iscariot”) –, este “Non Debellicata” vive com os dois lados da moeda: se, por um lado, é espectacular testemunhar zero falhas na execução e absorverem-se riffs intensos e orelhudos; por outro, os mais impacientes fartar-se-ão da toada veloz que pode suscitar alguma falta de diversidade. Contudo, este nono disco dos noruegueses é sólido e deve ser ouvido pelo menos uma vez por quem diz que ouve black metal com regularidade.

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