Ao longo da década de 1990, os Rage Against The Machine haviam construído uma imensa legião de seguidores graças ao lançamento do álbum homónimo...

Ao longo da década de 1990, os Rage Against The Machine haviam construído uma imensa legião de seguidores graças ao lançamento do álbum homónimo de estreia, em 1992, e de “Evil Empire”, em 1996, com este último a subir à primeira posição do Top 200 da Billboard. Com a chegada de 1999, se por um lado eram vistos como o Che Guevara do Século XX, que através da gigantesca plataforma fornecida pela Epic e pelas rádios permitiam a Zack De La Rocha a difusão de uma mensagem comunista e revolucionária que atingia os subúrbios da América em cheio no coração, por outro apontavam o dedo ao quarteto completado por Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk, pelo facto de estarem a enriquecer com o contrato que os ligava a uma multinacional.

Musicalmente, os Rage Against The Machine apresentavam-se com uma fórmula nova baseada em elementos de metal, hip hop e punk rock, fórmula essa que aliada a um discurso político sempre actual e uma produção capaz de captar a escuridão e a crueza dos pensamentos radicais de Zack De La Rocha, faria de “The Battle Of Los Angeles” – a par com os seus antecessores – um disco com uma mensagem intemporal que viria a exercer uma tremenda influência na cena rock e metal.

Inspirado no Cerco de Los Angeles, que ocorreria em 1846, um pouco antes da Guerra México-EUA ter início, onde os civis mexicanos desafiaram a ocupação de Pueblo de Los Angeles por parte dos Estados Unidos, “The Battle Of Los Angeles” – que prestava tributo a revolucionários como Emilizano Zapata ou Mumia Abu-Jamal – tornar-se-ia a última afirmação do quarteto, com a ferocidade do rap de De La Rocha a contrastar com a imaturidade – em comparação – que nos era oferecida nas bandas que lideravam o movimento nu-metal, como Korn ou Limp Bizkit. “Guerrilla Radio” assumir-se-ia como o single principal do disco, um tema que está longe de ser o que melhor representa a sonoridade dos RATM mas que seria extremamente eficaz a propagar a sua mensagem de guerrilha. A energia vibrante em “Testify”, o riff monstruoso de “Born Of A Broken Man”, o baixo e as guitarras reminiscentes de “Evil Empire” em “Calm Like A Bomb” ou “Born As Ghosts”, a alegria disfarçada no blues acelerado de “Sleep Now In The Fire”, e a raiva disparada em “Maria” ou “War Within A Breath”, seriam a última batalha dos Rage Against The Machine, pelo menos no que diz respeito ao lançamento de discos de originais. Zack De La Rocha viria a abandonar a banda no ano seguinte à edição de “The Battle Of Los Angeles”, mantendo-se fora das manchetes até 2007 e 2008, altura em que se reuniu pela primeira vez com os seus colegas que entretanto haviam fundado os Audioslave com Chris Cornell (Soundgarden). Dos Rage Against The Machine ainda ouviríamos “Renegades”, um conjunto de covers de bandas e artistas como MC5, Afrika Bambaataa, Devo, Cypress Hill, Bruce Springsteen, The Stooges, The Rolling Stones ou Bob Dylan.

“The Battle Of Los Angeles”, assim como o restante catálogo dos norte-americanos, colocaria alguns de nós em linha com o pensamento revolucionário e activista da banda. Para outros, Rage Against The Machine era unicamente sinónimo de adrenalina. O que é certo é que o colectivo plantou muitas sementes que só agora começam a germinar e que a revolução liderada por Zack De La Rocha & Cia. está longe de ter o seu fim. It has to start somewhere, it has to start sometime. What better place than here? What better time than now?

rage against the machine2