A ascensão do Laurus Nobilis tem sido morosa, mas segura, sempre com confirmações cada vez mais sonantes a cada ano que passa.

Muitos são os significados de uma coroa de louros: se na Grécia clássica representava a glória dos vencedores dos Jogos Olímpicos, na Roma Imperial era o símbolo atribuído a um comandante próspero em vitórias bélicas. Os louros também estão negativamente associados à confiança cega nos feitos passados (“descansar sobre os louros”) e foram um símbolo de tamanha importância na Antiguidade que deles derivam o termo moderno “laureado”, ou seja, “vencedor”, “premiado”, bem como nomes próprios como Laura. O nome científico do louro? Laurus Nobilis, que acabou por ser o nome dado ao festival que se inicia já amanhã em Louro (nada é por acaso), Vila Nova de Famalicão. Com o festival à porta, a Metal Hammer Portugal trocou dois dedos de conversa com André Matos, produtor executivo do festival.

A ascensão do Laurus Nobilis tem sido morosa, mas segura, sempre com confirmações cada vez mais sonantes a cada ano que passa. Claro que o interesse de qualquer festival é crescer, mas nem sempre tudo corre como o esperado devido a factores diversos. No entanto, o Laurus parece ter invertido um pouco essa tendência, sempre seguindo o seu trajecto e sempre com o trabalho realizado. André passou connosco em revista os anos de dedicação ao festival. «O Laurus Nobilis é um processo de aprendizagem que encaramos como degraus. De um dia de heavy metal representado pelos Moonspell ou pelos Amorphis, passámos para dois dias representados pelos SepticFlesh e Dark Tranquillity e, agora, já vamos em quatro dias com duas bandas diárias de forte nome internacional. Não sabemos como será no ano que vem, mas a ideia é continuar a apostar, a ampliar o cartaz e a desenvolver novas ideias para o recinto. Actualmente, a aposta do cartaz é quase tão importante como o conforto que queremos dar aos nossos campistas. Posso referir a churrasqueira comunitária, onde oferecemos o carvão e acendalhas, três piscinas, supermercado, bengaleiro, campismo à sombra , melhores condições nos W.C. e até mesmo um contentor militar para chuveiros de água quente durante todo o dia. A música será sempre de qualidade, mas o conforto também é uma prioridade. A título de teaser, posso adiantar que o cartaz de 2020 já está em andamento e que promete.»

Quem conhece o festival de anos anteriores sabe que nem sempre foi o que é hoje, um evento dedicado em exclusivo ao punk, ao rock, ao metal e ao hardcore. De facto, Áurea, Carminho e Waterboys já passaram pelo Laurus Nobilis, o que causa alguma estranheza quando olhamos para o cartaz de 2019. Depois, todos sabemos que a música mais pesada se destina a um nicho em particular, algo que sempre nos interrogou aquando da escolha de nomes para o cartaz. O produtor executivo considera que se tratou de uma evolução «natural, pois os fãs das sonoridades mais intensas sempre foram os que mais procuraram o Laurus Nobilis; continuamos a ser grandes fans da pop, do rock e afins, mas este é o caminho que mais nos agrada. Não sabemos o que nos reserva o futuro, mas certamente que outros nomes díspares destes géneros seriam equacionados em eventos paralelos. Quanto ao Laurus, está para ficar e será este o caminho a percorrer.»

Os nomes apresentados não iludem a ambição da organização: Samael, Hypocrisy, Entombed A.D., Soilwork e Fleshgod Apocalypse são nomes lendários na cena. É seguro considerar que o Laurus Nobilis cada vez mais cimenta a sua reputação em Portugal e além-fronteiras, algo que anda de mãos dadas com a opinião de André, que nos adianta que «é indubitável que a nível nacional já começamos a ter o nosso cantinho no mercado. Felizmente, Portugal é um país festivaleiro e esperamos que este tipo de iniciativas decorra com cada vez mais frequência. No estrangeiro, começa a ser uma referência para as grandes agências que Famalicão é, de facto, um excelente ponto de paragem nas digressões de Verão para qualquer nome. Somos extremamente rigorosos e posso dizer que, a nível de equipa, não poderíamos estar mais satisfeitos, o que transparece para todos os artistas e agentes que por cá passam. O regresso de todos os artistas fica sempre apalavrado e esperamos estar cá para cumprir a promessa.»

No entanto, o festival não se apoia exclusivamente em nomes grandes e médios laureados a nível internacional. Ao percorrermos o cartaz deste ano, contamos com mais de 15 bandas nacionais em palco, todas com o mesmo grau de importância. A aposta no metal nacional é celebrada em qualquer país, de festivais médios como o Laurus, aos colossos mundiais como o Download ou o Hellfest, pois não só é conveniente em termos de logística, como também fundamental para perpetuar a cena musical de cada país. Supomos também que isto é uma mais-valia para as bandas mais pequenas, que devem ter boas histórias para contar sobre as suas actuações no Laurus a abrirem para alguns dos maiores nomes do heavy metal. André Matos remata a entrevista de forma categórica quando afirma que «como músico de profissão e editor há cerca de dez anos, dou extremo valor ao que se faz em Portugal. Obviamente que tentamos salientar os que mais se esforçam ou os que mais lutam para vingar neste meio, mas também damos oportunidades a novas bandas; isso ajuda a explicar o palco “Faz A Tua Cena”, onde qualquer banda se pode inscrever e mostrar o que andam a fazer com excelentes condições técnicas. A nível de experiências com bandas nacionais contratadas, isto é um meio pequeno, já todos nos conhecemos ou já nos cruzámos umas quantas vezes; logo, até a data correu sempre tudo de forma impecável. Temos ainda uma vasta lista daquilo em que gostávamos de apostar a nível nacional e, para 2020, posso adiantar que vai ser uma aposta pesada.»

A edição de 2019 do Laurus Nobilis Music decorre entre os dias 25 e 28 de Julho, em VN Famalicão. Mais informações aqui.

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