“Hunter Gatherer” apresenta-se como uma progressão natural na carreira dos Avatar. Avatar “Hunter Gatherer”

Editora: Century Media Records
Data de lançamento: 07.08.2020
Género: melodic death metal / avant-garde metal
Nota: 4/5

“Hunter Gatherer” apresenta-se como uma progressão natural na carreira dos Avatar.

Em “Hunter Gatherer”, os Avatar apresentam-nos o seu característico heavy metal circense, mas desta vez combinando-o com temáticas correntes que vão desde o desenvolvimento tecnológico à subjugação do ser humano.

A introdução do álbum dá-se com a imponente “Silence in the Age of Apes”. Com a sua estética que combina death metal melódico e elementos a roçar o black metal atmosférico, a faixa apresenta um conteúdo lírico em jeito de chamada de atenção para o rápido progresso cientifico-tecnológico protagonizado pela humanidade e que tem vindo a afectar progressivamente o meio ambiente. Nas palavras do vocalista Johannes Eckerström: «Cyborg entrails, We build Valhalla out of its dreams, Silicone, copper, and steel… Lifeless rebirth, The genocide begins with the trees, Watch as the terminal bleeds».

Desde sempre que os Avatar nos habituaram a um certo experimentalismo sonoro dentro dos seus álbuns. “Colossus”, um dos singles, não é excepção. Com uma introdução a roçar o electrónico, a música desenrola-se num riff de groove metal antes de chegar aos versos entoados num registo grave e sombrio bastante característico do metal gótico.

“Scream Until You Wake” enaltece a cooperação rítmica e melódica dos guitarristas Jonas Jarlsby e Tim Öhrström através de riffs demolidores e solos harmoniosos, enquanto “Child” e “Justice” trazem-nos aquela parafernália sonora que tão bem caracteriza os Avatar, com mudanças bruscas de tempo e alternâncias orgânicas entre o vocal limpo e o berrado.

Já “Gun” surge como uma surpresa num álbum tão agressivo e intenso. Trata-se de uma balada ao piano, com Johannes Eckerström a reinventar-se num registo mais emotivo. Esta é mais uma prova da diversidade composicional dos Avatar, que continuam a surpreender não só os fãs mas também os mais cépticos.

O álbum termina em proporções épicas com “Wormhole”. Com um riff pouco ortodoxo, mas de certa forma eficaz, a faixa apresenta-nos uma estética apocalíptica condizente com a sua letra que aborda a teoria cientifica do “Buraco da Minhoca”, uma teoria especulativa que aborda a relação do continuo espaço-tempo entre dois pontos díspares, sendo o “Buraco da Minhoca” uma espécie de túnel que liga esses dois pontos. No entanto, ao referir «the wormhole is closing», Johannes Eckerström está como que a antecipar uma catástrofe que pode ter consequências severas para a humanidade.

Para este álbum, os Avatar decidiram ir gravar a Los Angeles, nos Sphere Studios. Quanto ao processo de gravação, a banda não só optou por tocar toda junta em estúdio, algo que só tinha acontecido em “Hail the Apocalypse” de 2014, como também escolheu gravar o álbum em fita magnética, algo cada vez menos comum nos dias que correm.

Apesar de não trazer grandes surpresas, “Hunter Gatherer” apresenta-se como uma progressão natural na carreira dos Avatar, não tanto do ponto de vista musical, pois esse já há muito que se encontra consolidado, mas no aspecto lírico – isto é, a procura dos Avatar em abordar temáticas actuais e reais em detrimento daquelas mais fantásticas e mitológicas pode muito bem ser uma estratégia por parte do grupo de Gotemburgo em chegar a novos ouvintes que até agora não se reviam no heavy metal circense da banda sueca.