“Form in Motion” transporta-nos para um universo quase cinematográfico e futurista em que a própria desordem se apresenta como uma estrutura...

Editora: Season of Mist
Data de lançamento: 12.03.2021
Género: industrial metal / post-metal
Nota: 3.5/5

“Form in Motion” transporta-nos para um universo quase cinematográfico e futurista em que a própria desordem se apresenta como uma estrutura bem engendrada.

Ainda no decorrer do ano pandémico de 2020, os holandeses Dodecahedron anunciavam o cessar das suas actividades na música avant-garde, fechando assim um ciclo de quase 10 anos registados em dois álbuns de estúdio. Contudo, como em cada ciclo que se fecha, inicia-se um novo – e é nesse contexto que surgem os novíssimos Autarkh.

Idealizados pelo seu frontman, Michel Nienhuis, os Autarkh correspondem, no fundo, a uma certa necessidade sentida pelo músico em conduzir o trabalho anterior para novas vias, mantendo-se, porém, sempre na onda do experimental, o que se expressa agora em “Form in Motion”.

Com a chancela da Season of Mist, em “Form in Motion” somos transportados para um universo quase cinematográfico e futurista em que a própria desordem – mesmo com todos os elementos que preenchem o álbum e que exigem mais do que uma só audição para serem assimilados – se apresenta como uma estrutura bem engendrada. Aliás, se o álbum debutante do quarteto fosse um filme, seria uma espécie de sci-fi dividido em dois momentos: o primeiro entre “Turbulence” e “Lost to Sight”, em que encontramos as partes mais sonicamente estrondosas, e o segundo, por sua vez, a começar na instrumental e intrigante “Metacognition”, que abre espaço para o blast-beat e o gutural de “Clouded Area”, e simultaneamente nos faz atentar para uma faceta mais ambiente e polida, seguindo em diante até ao fim.

Tendo herdado o peso e a distorção dos seus antepassados, “Form in Motion” também se faz valer pela adição de vocalizações mais rasgadas, o forte uso de electrónica e batidas que contribuem para que tenha uma natureza mais industrial, e ainda por roçar subtilmente o djent, mas sem os breakdowns e os riffs polirrítmicos estereotipados, como podemos constatar em temas como “Cyclic Terror”, “Introspectrum”, entre outros.

Com um ponto de partida assim, aguarda-se por um segundo mais bem laminado e capaz de nos transmitir igual sensação.