Seth “La Morsure du Christ”
Reviews 3 de Maio, 2021 Metal Hammer
Editora: Season of Mist
Data de lançamento: 07.05.2021
Género: black metal
Nota: 4/5
“La Morsure du Christ” é um álbum transparente e robusto, sem espaços em branco nem verbos-de-encher, com o sexteto gaulês em alta.
A 15 de Abril de 2019 ardiam 1.000 anos de História sob os céus iluminados pelas chamas do incêndio na Notre-Dame de Paris. Enquanto o diabo esfrega um olho, a catedral esboroou-se toda e os Seth tomaram-na oportunamente como musa inspiradora do novo trabalho. Quatro anos depois da gravação ao vivo comemorativa dos “20 Ans de Blasphéme”, os pioneiros do métal-noir gaulês viram nas cinzas e nos destroços do edifício o simbolismo perfeito para se ilustrar a morte de deus, a decadência da moral católica, o fim do cristianismo e para a temática de “La Morsure du Christ”. Títulos como “Métal Noir”, “Hymne au Vampire (Acte III)” e “Le Triomphe de Lucifer” são elucidativos sobre as simpatias do grupo. O quinto álbum de originais, uma sequela da estreia “Les Blessures de L’Âme” (1998), assinala um regresso à casa de partida – a Season of Mist – e à sonoridade característica do black metal da década de 1990.
Os teclados melódicos e atmosféricos de Pierre Le Pape são a trave mestra da arquitectura gótica que sustenta as sete malhas de “La Morsure du Christ”, o fio condutor na ligação entre os restantes instrumentos (duas guitarras, baixo e bateria) e o discurso agressivo na voz de Saint Vincent. As letras vociferadas e escritas em verso alexandrino francês, da autoria do vocalista, revelam alguns dos atributos eruditos e sofisticados com que os Seth cuidaram os 45 minutos desta entrega. Percebe-se um cuidado notável, tanto na estética como nos conteúdos, que passa pela apresentação gráfica da autoria de Leoncio Harmr, pela elegância das orquestrações, pelo desempenho técnico de músicos experientes e pela produção exemplar a cargo do teclista. O resultado invulgar é um punhado de temas complexos na sua composição, mas muito sólidos e directos no modelo como são apresentados, em que os clichés do género são camuflados. Apesar da estrutura formulaica subjacente ao género poder indiciar revivalismos, o disco não tem uma sonoridade datada – é antes uma nova perspectiva doutra era, com aquele french touch sobre uma equação revista e melhorada a aperfeiçoar atmosferas sombrias e intimidantes num registo mormente agressivo.
Estamos perante um disco que reflecte a máxima de Charles Mingus, segundo a qual «tornar o simples em complicado é fácil, tornar o complicado em simples é criatividade». “La Morsure du Christ” é um álbum transparente e robusto, sem espaços em branco nem verbos-de-encher, com o sexteto gaulês em alta. Não é nada de incendiário, mas é um clarão que surpreende e se distingue facilmente entre o rol das edições neste género dos últimos anos.


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