Nyrst é uma das grandes promessas contemporâneas a sair do panorama black metal islandês. Fica a conhecer o que os move...

Origem: Islândia
Género: black metal
Próximo lançamento: “Orsök” (24.04.2020)
Editora: Dark Essence Records
Links: Facebook | Bandcamp
Entrevista e review: Diogo Ferreira

Nyrst é uma das grandes promessas contemporâneas a sair do panorama black metal islandês. Fica a conhecer o que os move e o que a Metal Hammer Portugal acha da estreia com “Orsök”.

«Temos uma visão muito específica para transmitir a paisagem áspera e árida do nosso país.»

Objectivos: «O nosso objectivo é apresentar a nossa visão do metal extremo. Temos uma visão muito específica para transmitir a paisagem áspera e árida do nosso país, que foi a nossa principal inspiração quando compusemos o álbum. Há algo na paisagem desolada das terras altas que lhe dá uma sensação de desesperança, mas também uma imensa calma, um relacionamento simbiótico perfeito que nos fez encontrar uma atmosfera e um som muito precisos.»

Conceito: «O conceito principal e inspiração são as terras ásperas e áridas da Islândia, mas cada música tem uma história diferente influenciada pela antiga literatura de terror islandesa e pelos elementos cósmicos de vários escritores.»

Influências: «Começámos na direcção de Bathory, Emperor e Darkthrone, e, mesmo que o álbum consista definitivamente em elementos e inspirações desses três, também nos aprofundamos em territórios atmosféricos, influenciando-nos em bandas como Blut Aus Nord, Primordial, Schammasch e Nightbringer. No que diz respeito às influências modernas, Bölzer também teve um enorme impacto em nós.»

Review
Nota: 4/5

Neve branca, terra negra. Olhos pálidos, vestes pretas. A desolação e a taciturnidade absoluta povoam não só a Islândia mas também a música dos Nyrst, que se revelam ao mundo com o LP debutante “Orsök”, seguindo-se uma linha atmosférica idêntica à de compatriotas como Misþyrming.

Sem espaço para momentos luzidios e de leveza espiritual, os Nyrst apresentam seis composições regidas por movimentações dissonantes alimentadas por riffs gelados e vozes assombradas. Com guitarras circulares e densas, os islandeses compõem a banda-sonora para as estações mais escuras e frias de uma ilha estéril que tem sido muito fértil no que diz respeito ao black metal. Na verdade, a cena extrema islandesa ultrapassou a fama norueguesa nos últimos anos, ainda que no lado continental da barricada exista, para sempre, uma história de homicídio, suicídio e fogo para contar.

Conceptualmente inspirados na antiga literatura de terror, tudo o que foi dito atrás faz ainda mais sentido, sendo nós encaminhados para um universo de herança incrivelmente glacial e inóspita sob a batuta das referidas guitarras de Eysteinn e Davíð e das vozes aterrorizantes, como se o pior dos males aí viesse, de Snæbjörn.

No fim, ficamos com a sensação de que “Orsök” é um murmúrio letal, vindo do mundo dos que já não respiram, e emana uma mística obscura eficazmente cunhada por uma das grandes surpresas dos últimos anos a sair da Islândia.

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