Conhecido como líder dos muito significativos Behemoth, Nergal tem em Me and That Man o seu projecto paralelo e mais pessoal que transborda as... Nergal: «Estou aqui para picar as pessoas»
Foto: Grzegorz Gołębiowski

Conhecido como líder dos muito significativos Behemoth, Nergal tem em Me and That Man o seu projecto paralelo e mais pessoal que transborda as fronteiras do metal sem olhar para trás, tratando-se de uma sonoridade blues e country. Para o segundo álbum, intitulado “New Man, New Songs, Same Shit, Vol. 1”, o polaco convidou imensos artistas para darem voz às suas músicas, mencionando-se apenas alguns como Ihsahn, Niklas Kvarforth dos suecos Shining, Corey Taylor dos Slipknot ou Matt Heafy dos Trivium. Sendo quem é no panorama metal, quisemos saber como foi convencer tantos nomes famosos a entrar neste carro rumo ao deserto. «Tenho de dizer que não foi muito difícil. Consigo ser muito persuasivo e sei como vender ideias. Quando os contactei, disse-lhes como era este projecto, quão apaixonado sou por isto. Foi um bocado assim que os comprei, percebes?»

Uma vez dado o destaque vocal aos seus convidados, questionámos Nergal sobre o processo de composição, debruçando-nos sobre se criou os temas com alguém específico em mente ou se foi um acto livre, mas, ao mesmo tempo, relembrando “Confession”, com Niklas Kvarforth, devido ao clímax black metal desta faixa. «Primeiro queria que ele cantasse algo que fosse completamente inesperado e que as pessoas ficassem confusas por ele cantar uma balada que se torna em black metal caótico. Pareceu certo. Quanto à maioria da canção, é inesperado ele cantar ao estilo do Peter Steele [Type O Negative] e depois haver um pandemónio. Geralmente trabalhámos na música e depois tentei ver quem estava disponível e quem seria a pessoa ou artista mais adequado para uma certa canção, portanto não era óbvio.»

Com os Behemoth sempre tão sobrecarregados em termos de agenda, será expectável que Nergal tenha vindo a desenvolver ideias ao longo dos anos, sem hipótese de tirar largos períodos de tempo para se dedicar inteiramente a Me and That Man. O polaco confirma: «Algumas canções esperaram anos para serem lançadas, como “Coming Home”, e outras ideias estavam ali há anos ou meses, mas a maioria das partes foram criadas em poucos dias em sessões de estúdio. Muitas delas surgiam muito espontaneamente. Boom! E uma canção estava feita. Boom! A canção estava feita. Portanto, difere muito. Muito do material foi feito muito espontaneamente, em poucos dias, basicamente»

Habituados às suas criações de cariz mais extremo – afinal Behemoth é black e death metal –, Me and That Man, com o seu blues, possui, ainda assim, uma abordagem negra, só que canalizada em moldes sensuais e suaves. «É uma grande mudança fazer coisas que também conseguem ser muito negras, obscuras, assustadoras, malignas, mas a embalagem é completamente diferente. É outra coisa, basicamente. Penso que é muito entusiasmante fazer isto. Pode surpreender as pessoas e intrigar as pessoas, porque é diferente.» Depreende-se então que intrigar é um dos seus objectivos com este projecto. Nergal continua: «Bem, diria que uma ideia muito geral por detrás de todas as minhas actividades artísticas é inspirar pessoas, estou aqui para picar as pessoas, estou aqui para fazer com que as pessoas pensem por elas próprias – é a minha ideia inicial por detrás de todos os projectos que crio. Para além de, obviamente, desfrutar e deleitar-me em primeiro lugar.»

Sendo polaco e criador de um estilo de metal sob a asa de um espectro tão europeu, é possível que as digressões pela América do Norte tenham facilitado uma maior ligação ao blues e ao country que, escusado será dizer, têm a sua génese desse lado do Atlântico. Porém, o nosso entrevistado não acha que a estrada percorrida nos Estados Unidos tenha sido um grande factor de influência. «Não, nem por isso. Quero dizer, andar em digressão pela América, ver aquelas paisagens pode ser muito inspirador, sim. Sou um tipo polaco que compôs “By The River” e arranjei um gajo norueguês para cantar essa canção, mas depois viajei para os Estados Unidos – o vídeo que já viram foi filmado nos Estados Unidos, sentimos que era a Meca da, digamos, música da estrada. Pareceu acertado filmar o vídeo nos Estados Unidos, mas também podia ter filmado na Islândia, sem problema.»

“New Man, New Songs, Same Shit, Vol. 1” é o título do novo álbum de Me and That Man e tem data de lançamento a 27 de Março pela Napalm Records.

Ouve a entrevista abaixo:

me and that man9 Napalm Records90 slider215