“LTE3” poderá ser um dos melhores discos do ano e sem dúvida que marca o género, demonstrando que a passagem do...

Editora: InsideOutMusic
Data de lançamento: 16.04.2021
Género: prog metal / rock
Nota: 4.5/5

“LTE3” poderá ser um dos melhores discos do ano e sem dúvida que marca o género, demonstrando que a passagem do tempo nem sempre tem de ser chata e rotineira, mas que pode ser dinâmica, frenética e acelerada como um carro em turbo constante.

Não é comum uma banda estar desaparecida durante mais de 20 anos. Isso significa, por norma, que a formação fechou portas e suspendeu actividades, mas os Liquid Tension Experiment são diferentes. Este supergrupo instrumental havia lançado o último disco em 1999, o “Liquid Tension Experiment 2” que sucedeu à estreia homónima do grupo. Mike Portnoy, como fundador da banda, reuniu Jordan Rudess, John Petrucci e Tony Levin num projecto megalómano a nível musical e artístico.

Agora, em 2021, ao fim de 22 anos de espera, “LTE3” é lançado com uma abordagem tão ou mais hipersónica, não ficando de todo atrás em comparação a álbuns anteriores. É verdade que muito mudou ao fim destas duas décadas: Rudess foi declarado como membro oficial da banda Dream Theater e lançou obras a solo, Petrucci manteve-se como figura de proa da guitarra mundial e mudou de visual acompanhando a mudança de estilo dos Dream Theater, e Tony Levin mantém o seu protagonismo em King Crimson, tendo arrecadado um belo conjunto de actuações como músico esporádico com Steven Wilson e David Bowie, e lançando obras com os Stick Men, continuando a provar ser um dos músicos mais polivalentes da indústria.

Apesar de tantas mudanças, o talento não esvaneceu nem se dissipou, antes pelo contrário. “LTE3” é uma homenagem ao metal progressivo de toada altamente sónica, com “Hypersonic” a lançar o mote para um terceiro longa-duração rápido, dinâmico e imparável. “Beating the Odds” é como diz o título da faixa, “bater as probabilidades”, quase que provocando o ouvinte a acelerar o seu passo audiofónico para acompanhar a batida por demais estonteante dum quarteto que parece estar a começar. As medidas de segurança tomadas para compor e produzir o álbum acabam por manter a fasquia dum lançamento verdadeiramente ambicioso que explana diversos estilos, tentando inovar e experimentando várias abordagens de composição. As pontes de acalmia musical e instrumental criam um ambiente atmosférico também ele complexo tecnicamente – “Liquid Evolution” apresenta-se como tal, mas é seguido de “Shades of Hope” nesta categoria.

Sendo um grupo instrumental, o vocal não tem presença num álbum que contém uma componente emocional muito significativa, tendo este terceiro disco sido gravado no estúdio dos Dream Theater, o que exibe as boas relações mantidas por Portnoy e a banda, algo que já se conhecia devido a colaborações anteriores. A narrativa pode nem sempre ser fácil de desvendar, mas muitos são os discos instrumentais que mantêm uma história acutilante e empolgante. Este “LTE3” pode preservar a narrativa da velocidade e das viagens espaciais, quase que se assemelhando a um irromper da atmosfera duma nave espacial que entra ou sai do planeta a um ritmo frenético. A velocidade é o resultado do à-vontade do grupo demonstrado pela gravação num só take de “Shades of Hope” ou pela epicidade das magistrais “The Passage of Time” e “Key to the Imagination”. Esta abordagem livre e quase avant-garde traz uma nova camada criativa que se evidencia pelas várias mudanças rítmicas e a existência de vários picos instrumentais no álbum.

“LTE3” poderá ser um dos melhores discos do ano e sem dúvida que marca o género, demonstrando que a passagem do tempo nem sempre tem de ser chata e rotineira, mas que pode ser dinâmica, frenética e acelerada como um carro em turbo constante.