“(Further) Into The Depths” é um registo honesto e bastante orgânico em que a banda expõe o que melhor consegue...

Editora: Dark Age Works
Data de lançamento: 07.06.2019
Género: black/death metal
Nota: 3.5/5

A forma como cada vez mais pessoas reagem aos álbuns que saem hoje em dia é muito linear e com quatro possíveis cenários. No caso de se tratar de uma banda pouco conhecida, esta pode lançar um álbum tão bom que a torna automaticamente num ícone do género, ou, se o álbum for menos bom, é logo esquecida. Já no lado das bandas estabelecidas, se lançam um disco bom, então estão a fazer um bom trabalho, mas se lançam um registo vergonhoso que dá vontade de nunca mais andar com uma t-shirt, todos o ouvem nem que seja só para ver o quão mau é.

Sendo que os Humanart não são um nome grande internacional, “(Further) Into The Depths” arrisca-se a sofrer um dos dois primeiros cenários descritos, e, como não é nem pretende ser a revolução de toda a sonoridade, não será o o caso do álbum bom. Mas já voltamos a esta conversa – vamos para já ver o que nos oferecem.

“(Further) Into The Depths” é um registo de black/death metal que tem tudo o que se espera ouvir do género: riffs sujos e musculados com algum tremolo picking, vozes características do black metal, atmosferas sinistras e a típica faixa instrumental de música ambiente pouco inspirada de dois minutos (a deste disco, “Opening The Gates”, até nem é tão desenxabida como habitualmente costumam ser).

Ao segundo álbum de originais, e depois de mais de vinte anos de carreira, a banda entrega um punhado de temas densos e elaborados, em que a brutalidade, as ambiências e o poderio rítmico estão no peso e medida certos. “Iron Cross”, “Nefilim” e “Victorious Path” são exemplos de faixas interessantes, que não vão perder a atenção do ouvinte e que mostram que a banda tem trabalhado bem, mesmo não sendo todo o alinhamento do disco de calibre igual.

Dá para concluir que não é um super-álbum, nem uma audição obrigatória para todos os apreciadores do género, o que nos leva de volta àquela conversa de abertura desta review; ou seja, “(Further) Into The Depths” é um registo honesto e bastante orgânico  em que a banda expõe o que melhor consegue fazer e que está no caminho para poder apresentar material marcante no futuro.  Que não lhe seja dispensada a atenção apenas porque não é a revelação underground do ano: há aqui bons momentos a merecerem apreciação e uma boa proposta de música extrema nacional.

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