Editora: Metal Blade RecordsData de lançamento: 14.06.2019Género: blackened death metalNota: 4/5 Sempre coesos naquilo que fazem, os Hate encontraram uma fórmula...

Editora: Metal Blade Records
Data de lançamento: 14.06.2019
Género: blackened death metal
Nota: 4/5

Sempre coesos naquilo que fazem, os Hate encontraram uma fórmula conceptual com “Tremendum” (2017) que se mostra agora longe de ter ficado encerrada; por isso, com o novo disco, o grupo prossegue a sua pesquisa e interpretação do misticismo eslavo com Veles à cabeça, uma divindade que representa o elemento negro da existência. No entanto, o objectivo acaba por ser sempre o mesmo: olhar o passado e transportá-lo ao presente.

Com uma produção magnífica, este “Auric Gates of Veles” é a noção de como se faz um álbum de blackened death metal nos dias que correm. Com a intenção de darem o merecido espaço a malhas afiadas, cada uma é mais do que preenchimento de fundo e é mais do que apenas ritmo: cada riff tem um papel mesmo muito importante no decorrer da narrativa sonora, e isso encontra-se, por exemplo, logo na inaugural “Seventh Manvantara”, mas estende-se por todo o álbum. A essa componente juntam-se os explosivos blastbeats que dão um teor matemático e certinho a faixas como “Triskhelion”.

O momento alto surge com a quarta “Sovereign Sanctity”, uma faixa de seis minutos e meio que põe os Hate no topo do metal polaco actual ao lado de Vader e Behemoth. Intencionados a criarem músicas que fossem ouvidas como hinos, a banda consegue isso precisamente nesta faixa e mais à frente no tema-título. Em ambas, há todo um fervor ritualista e imperial sempre dentro dos trâmites obscuros de um blackened death metal de gabarito. É também com estas duas composições que melhor percebemos a aptidão que uma banda tão violenta pode ter para oferecer conteúdo melódico – os dois minutos finais de “Sovereign Sanctity” são simplesmente incríveis.

Noutros aspectos mais resumidos, os guinchos das guitarras, como que a rasgar algo ferrugento, ouvem-se no início de “Path To Arkhen”, um ambiente ainda mais sinistro sente-se em “Salve Ignis” e a labuta mais directamente relacionada ao black metal testemunha-se na final “Generation Sulphur”.

Sem fillers que se possam apontar levianamente, sem riffs de entulho e directos ao assunto com precisão e inteligência, os polacos conseguiram legislar o blackened death metal actual em oito faixas que se sustentam em velocidade e ferocidade nuns momentos e glória negra ancestral noutros. O que quer que seja que os Hate tenham elaborado ao longo deste “Auric Gates of Veles”, é certo que tudo se encontra entre si e é por isso que este é um álbum com cabeça, tronco e membros.