«Estou praticamente falido»: como Dino Cazares reconstruiu Fear Factory
Entrevistas 25 de Abril, 2021 Metal Hammer
Dino Cazares sobre batalhas legais, problemas de saúde, o novo álbum de Fear Factory e aquela entrevista com Burton C. Bell.
O que não te mata torna-te mais forte, diz o velho ditado, e Dino Cazares não discorda. «Se eu desse tudo para chegar aqui e o álbum fosse uma porcaria, isso incomodar-me-ia como o caraças», diz o guitarrista dos Fear Factory e único membro original sobre o novo álbum “Aggression Continuum”. «Mas é um excelente disco.»
Ainda assim, se Cazares tivesse levantado as mãos para aceitar a derrota em qualquer momento dos últimos 10 anos, ninguém o teria culpado. O guitarrista teve uma década infernal, profissional e pessoalmente, passando grande parte dos 2010s envolvido numa série de processos judiciais com o ex-baterista Raymond Herrera e com o ex-baixista Christian Olde Wolbers, o que a certa altura levou Cazares a declarar falência. O próprio “Aggression Continuum” está no limbo desde 2017, uma vítima das tortuosas batalhas legais.
A mais recente reviravolta neste drama em andamento surgiu no final de 2020, quando o vocalista Burton C. Bell anunciou que já não fazia parte da banda que co-fundou com Dino em 1990 – embora sem antes «cagar» (palavras de Cazares) na campanha de angariação de fundos que o guitarrista preparou para permitir que se terminasse o novo álbum. «Bem, tecnicamente, ele saiu da banda há cerca de três anos, mas só agora é que decidiu torná-lo oficial», disse Dino sobre o anúncio do vocalista.
Do que a Hammer já ouviu de “Aggression Continuum”, sugere que a perseverança valeu a pena. É Fear Factory do Séc. XXI: um furioso ataque de metal distópico com 10 faixas que pausa ocasionalmente para permitir a entrada dum raio de luz. Os vocais de Bell permanecem no disco, o que lhe dá um ar de estranho deslocamento, embora Cazares esteja actualmente à procura dum substituto para uma eventual digressão (o guitarrista diz que a nova voz de Fear Factory pode ser uma mulher).
A saída de Bell é um dos motivos pelos quais Dino quer conversar. Leu a entrevista provocante que Burton concedeu à Metal Hammer recentemente, na qual o vocalista diz que o ex-colega «não é uma boa pessoa», e quer contar o seu lado da história.
Falando via Zoom, Dino é calmo, transparente e muitas vezes divertido sobre as dificuldades da última década. E mesmo que aberto quanto aos problemas e frustrações que teve com o colega tornado antagonista, está claro que ainda há algum respeito residual.
«Às vezes, o atrito ajuda à grandeza», diz Cazares. «Ouçam os discos, é tudo o que tenho a dizer. Podemos estar aqui e falar sobre todo este drama, mas, no final das contas, ouçam a música.»
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Considerando tudo pelo que passaste nos últimos anos, como é que te sentes agora com o álbum a estar finalmente pronto para ser lançado? Aliviado? Exausto? Orgulhoso por finalmente estar para sair?
Definitivamente, não estou exausto, porque estou ansioso para que as pessoas o ouçam. Na verdade, concluímos uma versão do disco no final de 2017, mas, devido às questões legais, ficou na gaveta. Obviamente, sabem o resultado.
Avançando para 2019, fomos capazes de ir em frente como Fear Factory. Eu estava do tipo: ‘OK, tenho de melhorar este álbum – está na gaveta há alguns anos e tem de levar com algumas melhorias.’ Não me interpretem mal, o álbum era bom, mas ainda não era excelente. Era necessário um certo elemento para levá-lo ao próximo nível, e esse elemento era ter bateria a sério e fazer com que o Andy Sneap o misturasse. Também tive a oportunidade de incluir outras pessoas que adicionaram alguns elementos de teclado. O [colaborador/teclista de FF] Rhys Fulber conseguiu voltar e adicionar os seus toques ao disco.
O Mike Heller, baterista que gravou o álbum, disse: ‘Chiça, isso está bravo.’ Porque o álbum soa muito, muito irritado. Podem ouvir isso nos riffs, podem ouvir isso nas vozes.
Está irritado com o quê? Acontecimentos do mundo real ou coisas pelas quais passaste pessoalmente na última década?
Está irritado com muitas coisas. Tens de perceber que quando escrevemos o álbum em 2016-2017, estávamos num clima diferente. Não quero mencionar nenhum nome político, mas havia muitas coisas com as quais se fica furioso, e muitas delas transparecem na paixão que ouves nas vozes do Burt no álbum.
Houve algum momento nos últimos quatro anos em que pensaste: ‘Isto nunca vai sair’?
Sim. Achava que nem teria uma carreira.
Porquê?
Pensas o pior. Tens de entender que passámos por muitas cenas legais, falências e divórcios. Pessoalmente, tinha uma dívida de um milhão de dólares.
Isso deve ter sido muito stressante.
Foi mesmo muito stressante. Fui parar ao hospital algumas vezes. Achava que estava a ter um ataque cardíaco, mas era tudo motivado pelo stress.
Quando é que a situação ficou resolvida?
Julho de 2020.
Tão recentemente?
Tão recentemente, sim. Mas não me interpretes mal. Não permiti que isso me impedisse de lutar pelo que tinha de lutar, de fazer os sacrifícios que tinha de fazer para que este álbum fosse lançado.
Eu disse que achava que não ia ter uma carreira, mas na verdade ainda estaria a fazer o que estou a fazer.
Música é a minha paixão. É o que adoro fazer a toda a hora.
O que te fez continuar?
O que me fez continuar foi saber que não estava errado. O que eu realmente gosto é de deixar sorrisos na cara das pessoas, porque lancei um riff, uma faixa ou uma música de que gostaram. Percebo isso porque também sou um fã, e isso, para mim, é o que significa sucesso. Não vou deixar que esse sentimento desapareça, não importa os sacrifícios que tenho de fazer. Digo sempre: ‘Consigo morar numa carrinha ao pé do rio, mas não consigo viver com um disco mau.’
«Consigo morar numa carrinha ao pé do rio, mas não consigo viver com um disco mau.»
Dino Cazares
Quanto custou fazer o álbum?
Foi realmente um disco caro. Esgotámos o que tínhamos recebido da editora, portanto acabei por ter de fazer uma campanha GoFundMe – uma campanha GoFundMe de muito sucesso com a qual o Burton não concordou.
Não sei porquê, porque só o beneficiaria se o álbum fosse lançado. Acho que ele foi mal informado ou não entendeu do que se tratava, mas achei que fui muito claro nas afirmações que fiz na explicação da campanha. Não podes simplesmente iniciar uma campanha GoFundMe sem um motivo – tens de mostrar uma prova sobre para o que aquilo é. E estou agradecido aos fãs que realmente ajudaram e fizeram daquilo um sucesso.
Quanto é que a campanha arrecadou?
Arrecadou $25.000. Era para pagar ao Andy Sneap para fazer a mistura, para se ter a bateria a sério e para contratar o nosso engenheiro, que também trabalhou no “Genexus”.
Tiveste de meter dinheiro do teu bolso para ajudar a pagar o disco?
Claro.
Quanto do teu próprio dinheiro lá meteste?
[risos] Não vou revelar um valor numérico, mas foi muito dinheiro. Por isso, estou praticamente falido. Mas isso não significa nada para mim. Se tivesse de cavar terra para ganhar algum dinheiro extra para pagar o disco, fá-lo-ia. Como disse, não consigo viver com um disco mau. Se desse tudo para chegar aqui e o álbum fosse uma porcaria, isso incomodar-me-ia como o caraças.
A campanha de angariação de fundos parece ter sido o momento em que o Burton anunciou que ia sair de Fear Factory. Como é que ele te contou?
Não contou. Fez o que normalmente faz – a modos que desaparece. Esse é o tipo que eu conheço – quando as coisas ficam difíceis, gosta de fugir. Desistiu em 2002, deixou os outros gajos em 2007 e agora desistiu novamente. Mesmo que ele esteja em todos os discos, ele também é aquele que desiste.
Gosto de resolver os problemas de frente. Se houver um problema, vamos para uma sala, vamos discutir, vamos resolver aquilo. Algumas pessoas sentem que estão a ser postas num canto e não conseguem lidar com isso. Para mim, ele era assim.
Disseste que ele foi embora há três anos. O que queres dizer com isso?
Honestamente, acho que ele saiu há muitos, muitos anos. Provavelmente há 20 anos. Naquela entrevista, ele disse algo sobre estar a fazer um mau serviço quando escrevia letras para Fear Factory porque não estava a vir do coração – ele tinha de pensar nisso na terceira pessoa. Acho que isso foi um golpe baixo para alguns dos fãs que realmente adoram essas letras.
Ele disse [na mesma entrevista] que voltou pelo dinheiro. Eu já sabia disso, tive de lidar com isso.
Quando se tratava de fazer discos, eu era aquele que estava muito orientado e motivado para fazer essas coisas. O Burt sempre foi o tipo que tinhas de empurrar: ‘Vamos lá, pá, vamos fazer isto.’ Houve ocasiões em que tentavas falar com ele e ele desaparecia – simplesmente desaparecia durante meses e meses e meses, e simplesmente não sabes onde ele está. Apenas esperas que ele volte.
Às vezes, aqueles discos foram muito desafiadores. Durante o “The Industrialist”, eu tinha composto todas as músicas, estava pronto – então, o Burt desapareceu durante oito meses, sem dizer a ninguém onde estava. Descobrimos que estava no Canadá a fazer o seu projecto City of Fire. Agora entendo que as pessoas precisam de trabalhar nas suas bandas paralelas e fazer as suas próprias coisas. Entendo. Apenas digam.
Esse foi um dos aspectos disto. Sempre achei que o Burt estava à procura duma saída durante muito tempo. Sempre achei que ele estava à espera que um dos seus outros projectos descolasse, para que pudesse dizer: ‘Ei, os City of Fire vão ser os próximos Soundgarden. Adeus!’
Só quero que as pessoas vejam com o que tenho de lidar. É muito frustrante, porque vivo, respiro, morro por Fear Factory. Quando voltei em 2009, livrei-me da minha outra banda, Divine Heresy, que, na verdade, teve muito sucesso – comprometi-me totalmente com Fear Factory. É onde eu estava naquela altura, e é onde estou agora.
Se conseguias ver isso, por que é que permaneceram juntos?
Era o amor pela música. Era o amor por Fear Factory. Eu sabia que se as coisas não corressem bem, ele voltaria e poderíamos fazer discos.
Desta vez, houve um momento específico em que percebeste: ‘É isto, ele vai embora’?
No início pensei que era apenas: ‘OK, ele está a fazer a sua cena de desaparecer novamente.’ Mas com os anos a passarem, foi do tipo: ‘OK, já foi embora.’ E depois cagou em toda a campanha de angariação de fundos, e eu fiquei do tipo: ‘OK, ele foi mesmo embora. E agora tem problemas.’
Não sei por que é que ele está tão amargo comigo, mas parece que é desde sempre, e digo isto a rir – sempre fui culpado por cada ex-membro da banda que saiu. Eu entendo: as pessoas precisam dum bode expiatório, precisam de passar a responsabilidade para outra pessoa. Mas sou um indivíduo forte e consigo lidar com isso. Sinto sempre que se lanças uma boa música, as pessoas esquecem a novela toda. Claro, as pessoas podem trazer isto à tona nas redes sociais, mas quando a música sai, é do tipo: ‘Talvez o Dino seja um idiota, mas, caralho, ouve esta música.’
O Burton disse que a última conversa que tiveram foi há três ou quatro anos. Foi sobre o quê?
Digo que foi em 2018. Era sobre o disco, era só isso.
Tentaste entrar em contacto com ele desde então?
Sim. Ele diz que o procurei – e-mails, aniversários, mensagens, coisas assim. Deixei a porta aberta para o Burton depois de ter anunciado que ia embora. Ainda gosto do gajo. Eu estava do tipo: ‘Vou deixar a porta aberta, talvez ele mude de ideias.’ Mas já passaram seis meses. Tenho procurado outros vocalistas, outros vocalistas mandaram pedidos… Está na hora, tenho de seguir em frente.
«Tenho procurado outros vocalistas, outros vocalistas mandaram pedidos… Está na hora, tenho de seguir em frente.»
Dino Cazares
Se o Burton te ligasse amanhã e dissesse: ‘Vamos conversar.’ O que dirias?
Eu ficaria do tipo: ‘Por que é que demoraste tanto? Já paraste com isto? Podemos seguir em frente?’ Mas, ao mesmo tempo, a porta não pode ficar aberta para sempre. Imagina que arranjo um novo vocalista, seguimos em frente, está tudo bem, e dois anos depois ele quer voltar? Se eu seguir em frente, está feito.
És detentor do nome Fear Factory. Certo?
Certo. Sou o único proprietário da marca Fear Factory.
Qual foi a decisão por detrás disso?
Não foi uma decisão, foi uma obrigação. Se eu queria que o álbum fosse lançado, se eu quisesse que Fear Factory continuasse, havia uma urgência pela qual eu tinha de lutar para o conseguir. Não me refiro a lutar contra o Burt, quero dizer lutar nos tribunais para o conseguir – lutar contra o Raymond e o Christian para o conseguir.
Ao declarar falência com o Capítulo 7 [da Lei dos EUA], tens de listar todos os teus activos – o teu computador é um activo, o carro, a casa, os negócios, as marcas registadas. Se não listares uma única coisa que seja, eles tiram-te isso.
Foi o que aconteceu ao Burton. Eles tiraram-lhe a marca porque os advogados do Raymond e do Christian descobriram que ele nunca listou a marca Fear Factory como um activo.
Portanto, bum! O tribunal colocou a marca em leilão. As pessoas pensam que a tirei ao Burt ou que o processei. Mas o tribunal colocou a marca em leilão, o que significa que qualquer um poderia fazer uma licitação – é como no eBay. As pessoas licitaram, mas eu não ia desistir.
Como o Burt não listou a marca na sua falência, não foi capaz de a reaver. E se eu a comprasse, não lha poderia dar porque os tribunais pensariam que eu estava a fazer fraude e que estávamos em conluio para lha devolver.
Então, estava em leilão e eu estava a tentar ultrapassar a licitação mais alta – e essas pessoas eram o Raymond e o Christian. Foi intenso. Até suava.
Achas que ser dono da marca Fear Factory criou uma divisão entre ti e o Burton?
Realmente não sei nada para além do que ele disse, as razões por que foi embora. Porque ele nunca falou comigo sobre isso. Repito, ele fugiu. Se tiveres algum problema comigo, diz-me. Porquê divulgar na imprensa? É muito antiquado.
Estamos plenamente cientes de que estamos a falar de drama, mas achas que tudo o que aconteceu ofuscou a música?
Não. Não acho que ofusque a música, de todo. Muitas bandas tiveram muito drama, de repente lançam um álbum e as pessoas ficam: ‘Caraças, isto é incrível.’ Como disse, às vezes o atrito resulta em algo excelente. E acredito que é o caso com este novo álbum. Dá para se ouvir a raiva e a insegurança nalguns daqueles lindos vocais melódicos que o Burt faz. E se ouvires as letras, o que ele escreveu e o que canta, é incrível como o caralho.
Com o Burton fora de cena, já pensaste em convidar o Raymond e o Christian de volta?
[risos] Claro, passaram muitos pensamentos pela minha cabeça. Todos gostamos de culpar as outras pessoas, mas todos temos culpa. Estivemos todos envolvidos nesta situação. Processámo-nos uns aos outros várias vezes – bem, nunca processei o Burt, mas processámos o Raymond e o Christian várias vezes. Não sinto necessariamente ódio por eles, só acho que não duraríamos o suficiente para irmos mais longe.
Quando foi a última vez que falaste com o Raymond e o Christian?
Diria que a última vez que falei directamente com eles foi, provavelmente, em 2002. As pessoas mudam entretanto.
Tu, o Raymond e o Burton começaram isto há 31 anos. Sentes falta dos velhos tempos? Sentes falta da camaradagem que tinham?
Claro. Não posso dizer que sinto falta disso necessariamente com eles, sinto falta disso numa banda em geral. Os tempos das bandas a entrarem em salas, a comporem músicas e a juntarem-se – isso é passado.
«Só queria que ele não estivesse sempre a fugir.»
Dino Cazares sobre Burton C. Bell
Parece que ainda tens respeito pelo Burton apesar de tudo. É verdade?
Claro. Quero dizer, conheço-o há mais de 30 anos, trabalhámos lado a lado durante muito tempo. Só queria que ele não estivesse sempre a fugir.
Tu e o Burton já se separaram e reuniram antes. Vês-vos a voltarem a ficar juntos no futuro?
É uma boa pergunta. Possivelmente. Estou aberto a isso.
Gostarias de voltar? Gostarias de estar numa banda com o Burton C. Bell novamente?
Claro. Mas isso tem de acontecer brevemente, porque tenho de seguir em frente. E acho que é injusto os fãs terem de esperar. Se isso vai acontecer, por que não acontece agora? Por que é que os fãs têm de esperar que aquele gajo perceba que é aqui que pertence?
Não sei, talvez ele esteja a fazer novas escolhas de vida e tenha mudado – e é isso. Mas não podes ignorar o facto de que muitas vezes ele não queria estar ali. Houve momentos em que ele procurou uma saída. Mas, ao mesmo tempo, não podes negar o que criámos.
Temos de trazer isto à baila. O Burton disse que achava que o “Hybrid Theory” dos Linkin Park era o “Demanufacture” para crianças. Concordas?
[risos] Não sei donde veio isso, mas ri-me, porque as pessoas levaram isso a sério. Não consigo levar isso a sério.
Os Fear Factory têm futuro para além deste novo álbum? Consegues imaginar-te a passar por tudo novamente?
Passo por isto há anos. Portanto, sim, se as pessoas quiserem ouvir, estou aqui.
Passaram mais de 30 anos desde que os Fear Factory se formaram. Valeu à pena?
Sim, 100%. Sou uma daquelas pessoas que pensa que as coisas acontecem por uma razão. Talvez o Burt não estar na banda seja uma bênção disfarçada. Mas sim, para mim, valeu tudo a pena. Eu não estaria aqui se não fosse assim.
“Aggression Continuum” dos Fear Factory será lançado a 18 de Junho de 2021.
Consultar artigo original em inglês.


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