A atmosfera de cidades gigantes neo-noir e retro-futuristas à “Blade Runner” combina-se à adrenalina de um “Miami Vice”.

Editora: MeusRecords / Darkhan Music
Data de lançamento: 15.10.2020
Género: synthwave
Nota: 3/5

A atmosfera de cidades gigantes neo-noir e retro-futuristas à “Blade Runner” combina-se à adrenalina de um “Miami Vice”.

Por mais que não se saiba muito ou por mais que não se queira aceitar, muitos dos reverenciados autores da música extrema namoram sonoridades electrónicas nas horas vagas. A verdade é que o euro-dance dinamarquês e sueco dos anos 1990 teve o seu impacto nas vidas pessoais da ala mais feroz e perigosa da música pesada: o black metal. Por exemplo, Fenriz (Darkthrone) já admitiu que gosta de trance music e Attila Csihar (Mayhem) deu voz ao dark electro de Plasma Pool. Agora, em 2020, é a vez de Morten Bergeton Iversen aka Teloch (Mayhem) abrir a gaveta dos seus gostos pessoais e oferecer-nos a sua visão electrónica numa altura em que há por toda a Internet um revivalismo synthwave, do mais romantizado synthpop ao mais agressivo slasherwave.

Ao longo de oito faixas, Bergeton seduz-nos com ritmos e batidas em loop apoiadas por ambiências ora regulares, ora manipuladas que levitam, tudo quase em modo minimal porque sente-se que cada som está separado do outro e numa track específica para, no fim, tudo se unir num só. Mais synthpop do que slasherwave, Bergeton é um revivalismo dos 80s, sempre com um cenário de fundo a fazer lembrar os aspectos neon-city deste género, especialmente com sons de carros a acelerar. Assim, a atmosfera de cidades gigantes neo-noir e retro-futuristas à “Blade Runner” combina-se com a adrenalina de um “Miami Vice”, tudo conjugado através de tecnologia nova e velha que nos envia para a nostalgia de uma era que já passou e não passou ao mesmo tempo. E como não podia deixar de ser, a guitarra do norueguês tem a sua aparição aqui e acolá para suspirar aqueles solos cheesy que tanto se gosta de ouvir nestes projectos.

Equilibrado e bem produzido no seu todo, este “Miami Murder” foca-se em grooves cativantes e basslines presentes mas pouco violentas ou rasgadas, tudo ornamentado por uma melodia constante que fará as delícias dos amantes menos exigente do estilo, podendo mesmo ser uma porta de entrada para quem anda à descoberta do mundo synthwave.