Os Hit the Noise têm pouco tempo de carreira – juntos há três anos, a banda é formada por Luciano Schneider...

Os Hit the Noise têm pouco tempo de carreira – juntos há três anos, a banda é formada por Luciano Schneider (voz), Leonardo Theobald (guitarra), Marcel Bittencourt (baixo) e Daniel Sasso (bateria), músicos que já possuem uma longa jornada na música, vindos de outros projectos activos e inactivos. Quatro tipos a fazerem um som pesado, melódico, com riffs marcantes e com uma mistura de influências que fazem uma viagem por décadas passadas, incorporando uma vontade de abanar a cabeça.

Tudo começou com Leonardo Theobald ao fundar um primeiro projecto autoral que foi evoluindo, tomando forma, mudando de formações até a um momento de ruptura para se transformar no que hoje é Hit The Noise. «Esse processo todo já faz uns sete ou oito anos. Mas os deuses do rock foram cruzando os nossos caminhos, levando-me a encontrar estes tipos na estrada e fazer esta banda com músicas poderosas.»

Muitos definem o som da banda como stoner rock, heavy rock, heavy metal, hard rock… Para o baixista Marcel Bittencourt, esses rótulos servem mais para confundir do que para situar. «É preciso fazer um recorte, dar uma referência para quem não conhece a banda, então eu diria que é stoner rock. Consigo imaginar os Hit The Noise a dividirem o mesmo palco ou com o álbum na mesma prateleira de bandas como Kyuss, Fu Manchu e Red Fang – então acho que stoner rock é adequado.» Já para o guitarrista Leonardo Theobald, o som da banda é simplesmente rock. «As nossas músicas acabam a passar por muitas sonoridades e em cada concerto somos recebidos pelas pessoas impactadas pelo que viram, fazendo algumas referências quanto à nossa música ter ficado nas suas memória. Para cada fã, algumas das nossas músicas soa de uma maneira que remete para alguma outra grande banda: de Black Sabbath a Alice in Chains, de Kiss a Sleep. Encaro isso como algo super normal numa banda que consegue mesclar tão bem heavy, hard, stoner e doom.»

A banda lançou recentemente material ao vivo, intitulado “Still Alive”, que aborda o período de quarentena e pandemia, tempos difíceis, mas que trouxe inspiração para muitos músicos. «A nossa abordagem mais directa sobre a pandemia é carregada pela bela capa feita pela ilustradora Lika Plentz, mas também por todo o significado que foi gravar naquele momento, mesmo com tantos cuidados e medidas restritivas. São três músicas do nosso primeiro disco, que já está disponível nas plataformas de streaming, mas agora em versões com muito mais energia por causa do clima da banda a tocar ao vivo. Por isso, acredito que “Still Alive” seja uma resposta que representa a nossa vontade de sobreviver a este momento e também de mostrar às pessoas que a banda está bem viva.» A banda teve de se adaptar a estes tempos difíceis. «No Brasil, as coisas têm sido bem mais difíceis do que em Portugal por causa da onda negacionista e de um governo que tem feito uma péssima gestão da pandemia. O trabalho foi autoproduzido, com uma equipa bastante reduzida. A escolha do nome “Still Alive” foi a ilustração de tudo isso: uma banda a precisar de se mostrar ainda viva em tempos de isolamento.»

«No Brasil, as coisas têm sido bem difíceis por causa da onda negacionista e de um governo que tem feito uma péssima gestão da pandemia.»

Os Hit the Noise participaram num evento online com os consagrados Sepultura. Actualmente, este é o modelo de apresentação mais popular e viável. «É uma óptima alternativa para bandas de menor porte que não possuem, ainda, uma base de fãs e uma estrutura para uma digressão, especialmente em termos intercontinentais. Existem bandas de que eu gosto muito, como Swampig da Espanha, Gormandizers da Indonésia, Miss Lava de Portugal, que dificilmente verei na minha cidade no Brasil. Então, apresentações online são uma forma de assistir a uma performance sem que uma digressão precise de acontecer necessariamente. Pagas ou gratuitas, acho que apresentações online vieram para ficar.»

Enquanto o mundo não volta ao normal, a banda está a respeitar o momento e a aprender a lidar com o novo normal, mas também tem alguns planos e a vontade de realizar concertos. «Pretendemos ainda em 2021 lançar novo material com músicas inéditas. Não sabemos ainda se será álbum ou EP, mas já temos uma série de novas composições que estamos a pré-produzir, a escolher arranjos, a definir detalhes de músicas que a banda já ensaiava no momento em que todo este caos começou. Apesar de não estarmos a ensaiar, a tecnologia ainda nos permite produzir à distância. Com a pandemia vigente, não dá para traçar muitos planos de longo prazo. Então, eu diria que o plano neste momento é divulgar o nosso EP ao vivo e produzir o máximo possível os nossos novos sons e até mesmo lançá-los já pensando num regresso aos palcos.»

Enquanto as digressões não são possíveis, a banda aproveita para convidar os leitores da Metal Hammer Portugal a conhecer mais o seu trabalho. «É um prazer estar aqui, na Metal Hammer Portugal, a falar sobre o nosso novo lançamento. Respeitamos demais os veículos especializados e, principalmente, as pessoas que buscam ler as matérias, que acompanham os seus artistas favoritos e que também estão abertas a conhecer novas bandas. Temos acerteza de que os fãs portugueses de rock, stoner, heavy e hard, que ainda não nos conhecem, vão ter uma boa surpresa após esta entrevista. E agradecemos também às pessoas que já estão a ouvir e a acompanhar Hit the Noise, pois sabemos que temos vários plays a chegar desse país incrível que é Portugal – algumas pessoas até já conhecemos de perto. Esperamos estar aí a tocar muito em breve!»

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