O perigoso segundo álbum, como os media gostam de o ver... Os Repulsive Vision passaram com distinção.

Editora: Emanzipation Productions
Data de lançamento: 21.08.2020
Género: death metal
Nota: 4/5

O perigoso segundo álbum, como os media gostam de o ver… Os Repulsive Vision passaram com distinção.

Os Repulsive Vision podem tornar-se uma daquelas bandas capazes de refrescar a cena death metal, marcar diferença entre dezenas e dezenas de projectos que vão beber aos anos 80 e 90. Têm algo de punk no seu som que vai muito bem com a sonoridade que praticam, andaram envolvidos em polémicas por causa de algumas letras relacionadas com a censura ou outras que abordam uma visão muito limitada que uma boa parte da comunidade tem acerca do metal, como em “Each To Their Own” do EP “Severed Alive” (2012), lançaram um álbum de estreia promissor, cru e in your face q.b., embora ainda um bocado desequilibrado na questão de composição e qualidade dos temas.

Três anos volvidos, nova editora, novo álbum. “Necrovictology” é a nova proposta do quarteto de Cumbria. Está lá tudo o que se ouvia em “Look Past The Gore And See The Art” mas para melhor em tudo, o que nos dá um excelente indicador para os treze temas que nos presenteiam. Sim, treze. Não é nenhuma maratona pútrida, porque a malta gosta de manter a coisa em ritmos rápidos e com uma dinâmica nunca antes vista e sem perder pitada de agressividade. Portanto, 38 minutinhos bem puxadinhos e durante os quais Carcass, Bolt Thrower, Benediction ou Sinister são referências que saltam logo à vista. A qualidade geral está num patamar bem mais elevado. Uma boa mão-cheia de riffs demonstram uma evolução notória, com temas muito bem estruturados, misturando partes rápidas com outras um pouco mais calmas, com uma boa produção, muito equilibrada, através da qual é possível ouvir todos os instrumentos de forma nítida. A sequência composta por “Blind Loyalty”, “Draconian Reprisals” e “Selfless” condensam muito do que se pode ouvir por aqui e serão dos melhores exemplos que se podem extrair deste álbum. “Regret”, em toda a sua rapidez e rispidez, é mais um dos destaques, desta feita com o bónus da participação de LandPhil (Municipal Waste, Iron Reagan) a empestar ainda mais o cenário. A prestação vocal de Danny McEwan está muito mais brutal e incisiva, encontrando um estilo vocal que ainda se encontrava em desenvolvimento em registos anteriores. Matt Davidson também dá um bom apoio neste campo, embora os seus louros acabem por ir para um trabalho de guitarras de boa qualidade.

No meio de tantos trabalhos que saem durante estes tempos, com tantas bandas a tocarem death metal, começam a ser muito poucas as que conseguem trazer alguma novidade ou algo de refrescante. Os Repulsive Vision poderão não ser um marco no género, “Necrovictology” talvez não venha a ser um “…for Victory”, mas têm o condão de conseguir sintetizar muito do que se fez de melhor na cena durante a segunda metade da década de 80 e os primeiros anos da seguinte, e trazê-lo de forma muito competente para a actualidade, o que nem sempre está ao alcance de muitos. O perigoso segundo álbum, como os media gostam de o ver… Os Repulsive Vision passaram com distinção.

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