Pink Floyd “The Wall”: muros (in)transponíveis
Artigos 1 de Dezembro, 2019 Diogo Ferreira


Não é metal, mas a paixão que uma esmagadora franja de metalheads sente por Pink Floyd é inquestionável.
Depois de álbuns como “Dark Side of the Moon” (1973) e “Wish You Were Here” (1975), a 30 de Novembro de 1979 era lançado “The Wall”, o magnum opus da banda inglesa e visto como um dos maiores discos da história, tanto pelo seu relevo musical inclinado ao progressivo e ao atmosférico como pela intensidade da narrativa criada por Roger Waters.
Uma autêntica ópera do rock, “The Wall” explora as temáticas do abandono e do isolamento autoinfligido e segue a vida de Pink, uma personagem inspirada em Roger Waters e, parcialmente, em Syd Barrett.
Com a figura paternal ausente, que havia morrido na Segunda Guerra Mundial (à semelhança do pai de Waters), Pink vivia oprimido por uma mãe protectora (“Mother”) e por professores tirânicos (“Another Brick in the Wall, Part 2). Uma infância traumática gerou uma vida socialmente problemática e Pink vivia rodeado de um muro metafórico criado por si.
A personagem principal acaba por se tornar numa estrela do rock e experimenta os abusos desse estatuto (“Young Lust”) e o desmoronar do seu casamento representa a totalidade da construção do muro – o isolamento era total (“Another Brick in the Wall, Part 3” e “Goodbye Cruel World”).
Ainda assim, Pink questiona as suas decisões (“Hey You”) e após vários flashbacks a narrativa regressa ao presente quando o seu manager e restante crew o encontram drogado e apático. Todavia, tinham de o levar para o palco e injectam-lhe uma substância que o faz recuperar (“Comfortably Numb”). O processo é alucinatório e, em palco, Pink acredita que é um ditador fascista.
De volta à realidade, a personagem sente-se atormentada e coloca-se num julgamento interior (“The Trial”) em que é sentenciado a derrubar o muro que contruiu e a soltar-se de todas as amarras criadas ciente das dificuldades que é viver (“Outside the Wall”).
De valor infinito, “The Wall” seria adaptado para cinema em 1982, um musical cinematográfico que ajuda ainda mais, com imagens, a compreender o conceito do álbum. O papel principal é interpretado por Bob Geldof.
Ao longo de décadas, Roger Waters interpretou o disco ao vivo inúmeras vezes, sendo o concerto de Berlim em 1990 a performance mais aclamada de todas, que contou com convidados como Bryan Adams e Cyndi Lauper.
Recipiente de dezenas de discos de platina, “The Wall” continua a ser um dos álbuns mais vendidos e queridos da história devido à beleza musical e às questões psicológicas que levanta.

Metal Hammer Portugal

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