Hollywood Vampires “Rise”

Reviews 20 de Junho, 2019 João Braga

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Editora: earMusicData de lançamento: 21.06.2019Género: hard rockNota: 4/5 Como um dos regressos mais esperados do ano, os Hollywood Vampires são o supergrupo do momento,...

Editora: earMusic
Data de lançamento: 21.06.2019
Género: hard rock
Nota: 4/5

Como um dos regressos mais esperados do ano, os Hollywood Vampires são o supergrupo do momento, contando com as lendas do rock Alice Cooper, Joe Perry e a estrela de Hollywood Johnny Depp. “Rise”, que é o novo álbum e muito distinto do primeiro (que se caracterizou por ser um disco de covers), é composto quase na totalidade por material inédito e, segundo a banda, apresenta «uma abordagem muito diferente (…) e demonstra a verdadeira sonoridade dos Vampires».

Sim, de facto, a banda tem razão. Na verdade, os Vampires não poderiam ter lançado um álbum melhor do que este. Lançaram o disco certo, na altura certa. De forma impressionante, Johnny Depp, um dos actores mais bem pagos de Hollywood, apresenta uma maturidade musical muito acima da média, sendo um dos activos mais importantes neste registo. Em “Rise”, a banda supera-se e modifica-se, tentando sempre demonstrar uma faceta diferente, já não tão dedicada às covers – apesar de tudo, há três: “People Who Died” de Jim Carroll Band, “You Can’t Put Your Around A Memory” de Johnny Thunder e a intensa “Heroes” de David Bowie, incrivelmente interpretada por Johnny Depp. O restante é composto por material inédito, com faixas impactantes como “I Want My Now”, “Who’s Laughing Now”, “The Boogieman Surprise, a surpreendente “Mr. Spider” e a brutalmente honesta “Congratulations”. E até as pontes instrumentais foram bem pensadas.

É um álbum global em que todos participaram e deixaram o seu cunho, cada um com diferentes influências, bastando verificar os estilos de Perry e Cooper para perceber quão díspares são. Depp foi uma grande surpresa e, neste “Rise”, o novo músico teve um papel determinante na sua variedade, criando uma brecha de criatividade inesperada e contribuindo para os momentos mais altos de um disco que tem 16 faixas e quase uma hora de duração. Como tal, pode apenas pecar por ser longo. No entanto, o grupo compensa o público com uma boa dinâmica instrumental e letras que variam do mais sério para o mais descontraído, em memória ao rock dos anos 1970. A produção foi melhorada, mas houve um cuidado para que se mantivesse o mais natural e cru possível.

É óptimo perceber que há lendas que não querem ser vistas apenas como lendas, e é óptimo perceber a evolução de Johnny Depp, sobretudo pela importância que tem neste lançamento. É um excelente disco de rock que atrairá a atenção do público e da crítica, podendo surpreender pela sua criatividade e pela diversidade de estilos que é tão evidente ao longo das 16 faixas. Para além disso, tem uma preocupação abrangente em termos líricos, com letras para todos os gostos, e a coesão instrumental é digna de nota. Os singles foram muito bem escolhidos e criaram uma expectativa que é correspondida no resto do álbum. “Heroes” é uma cover de Depp e, desta música, é uma das melhores que alguma vez ouvimos. “Rise” merece ser ouvido com atenção, vezes sem conta.

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