Para se ouvir vezes sem conta!

Editora: ROAR! Rock of Angels Records
Data de lançamento: 25.09.2020
Género: heavy metal
Nota: 4/5

Para se ouvir vezes sem conta!

Com cerca de 25 anos de existência, os Attick Demons têm uma segunda fase de carreira mais prolífica em termos discográficos, tendo chegado ao terceiro álbum em oito anos com o forte “Daytime Stories… Nightmare Tales”.

Ao perderem o guitarrista Luís Figueira, os portugueses do heavy metal não perderam vitamina e têm na dupla Nuno Martins / Dário Antunes um conjunto de guitarras coeso e energético que se mostra logo nas duas primeiras faixas. Enquanto a inaugural ocultista “The Contract” contém um refrão memorável e extremamente cantável, a seguinte “Make Your Choice” (num teor de Bem vs Mal) possui leads de guitarra que facilmente se cantarolam, como se quer no heavy metal.

Num álbum descaradamente influenciado pela NWOBHM, é “Make Your Choice” e “Devil’s Crossroad” que mais se relacionam a Iron Maiden como inspiração, algo que aqui é dito como elogio e não como exemplo de cópia, o que também se aplica à prestação vocal de Artur Almeida, um vocalista português que merecia muito mais palco e aplausos. Mesmo tendo uma assinatura própria (evidente em temas como “Renegade”), Artur Almeida está muito próximo do que Bruce Dickinson faz, o que não é nada fácil e que deve ser visto como uma aprimoração do talento que possui.

Depois dos primeiros conceitos atrás mencionados, a História também ocupa o seu lugar neste disco com a Batalha de Diu (1509) como fundo em “The Revenge of the Sailor King” e a Batalha de Aljubarrota (1385) em “O Condestável”. Apesar de partilharem o mesmo plano – a História de Portugal –, os temas têm as suas diferenças: enquanto a primeira é pesada e bélica (com leads e solos a preencherem todos os bocadinhos), a segunda é um épico medieval cantado em português e com instrumentos tradicionais.

Pelo meio, ainda há espaço para um cheirinho a power-ballad que se desdobra numa música com groove em “Hills of Sadness”, o poder que o heavy metal tem nas nossas vidas em “Headbanger” e o fecho vigoroso de “Running”.

Lançado num período ingrato, em que estamos assolados pela pandemia, “Daytime Stories… Nightmare Tales” não poderá ser apresentado ao vivo nos próximos tempos, uma situação rotundamente triste para um álbum que merecia estar na estrada e nos palcos, mas, e como reverso da medalha, podemos, e devemos, sempre dar-lhe o espaço possível – neste caso, vamos ouvi-lo em casa vezes sem conta!