"Rise of the Empire" é um tratado, uma declaração de guerra com sentença death metal. ADE “Rise of the Empire”

Editora: Extreme Metal Music
Data de lançamento: 08.11.2019
Género: folk/death metal
Nota: 4/5

“Rise of the Empire” é um tratado, uma declaração de guerra com sentença death metal. O quarto álbum dos ADE reúne 11 temas sob uma fórmula work in progress, em construção desde 2009 – a do Ancient Roman death metal, uma mistura cinemática bem orquestrada entre a folk e death da escola americana. Parafraseando Aldous Huxley no ensaio “The Rest Is Silence”, «after silence that which arrives near to express the inexpressible is Music».

O metal extremo tem uma vasta legião de cultores espalhada pelo mundo, num universo musical saturado. Para as bandas, para os artistas, é cada vez mais impossível impor um cunho pessoal e individual à sua obra, algo que se sobreponha às suas influências e referências. Daí que alguns músicos procurem inspiração nas suas raízes históricas e culturais, como acontece com os italianos ADE, auto-proclamados pioneiros do Ancient Roman death metal.

“Rise of the Empire” propõe um regresso à história do Império Romano, mais concretamente à era sob o domínio de César. Aceitando o convite e querendo satisfazer a curiosidade sobre a peculiaridade do género, descobrimos que os elementos folk introduzidos desde a intro “Forge the Myth” aos singles “Empire” e “Imperator”, e com maior predominância em “The Blithe Ignorance”, são-no sobretudo através da emulação de instrumentos utilizados pelos militares romanos, como o cornu, a bucina ou a tuba romana, que funcionam aqui como uma secção de metais. No exército romano os músicos eram profissionais que tocavam para dar voz às mensagens de guerra. Pois se é para dar voz a mensagens de guerra, há que prestar bem atenção a esta tropa. Quer-nos parecer que estes legionários andavam a comprar aos gauleses no mercado negro alguma da poção mágica de Panoramix.

Além do acima enunciado, há uma outra característica da música da Roma Antiga da qual os ADE usam e abusam – os coros a servirem como elementos de continuidade numa atmosfera épica e dramática. No que toca à secção rítmica, se os romanos antigos se serviam dos pandeiros e das nacaras, ADE delega aos seus legionários, Cornelivs no baixo e Decivs na bateria, a responsabilidade de um revigorar do decadente death metal. O resultado é uma destruição a velocidade supersónica. Para o teatro de guerra ficar completo temos a vocalização de Diocletianvs num estado death puro e primitivo. A epicidade old-school dos legionários fica completa com a presença das guitarras tech-futurista dos abrasivos Fabivs e Nerva. A contribuir para a impoluta execução técnica do desempenho destes romanos fica a excelência do produtor Stefano Morabito que oferece a massa para a consistência de um projecto tão sui generis.

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