Abbath deu um passo em frente na sua carreira em nome próprio.

Editora: Season Of Mist
Data de lançamento: 05.07.2019
Género: black metal
Nota: 4/5

Num álbum melhor do que o homónimo lançado em 2016, Abbath mostra-se agora mais solto e mais confiante tanto a nível musical como lírico, e neste último departamento abre o baralho de temáticas que vão de várias mitologias a metáforas sobre os males do mundo. Todavia, nunca se soltará do passado em Immortal, até porque a forma de tocar/compor guitarra é uma assinatura muito própria do norueguês, e quanto a semelhanças passadas não nos ficamos apenas por aqui porque até a execução do baterista Ukri Suvilehto é, certas vezes, muito parecida à de Horgh. Porém há inovações! Logo na terceira “The Artifex” – provavelmente o tema mais agressivo do disco, com muita rapidez – ouvem-se riffs próximos ao death metal que depois se abrem para um momento de solo à heavy metal / hard-rock virtuoso; numa segunda fase há um novo solo, desta vez mais ligado à base death metal da faixa e a fazer lembrar um pouco Chuck Schuldiner.

Mas há mais! “Land Of Khem” deverá ser, sem grandes dúvidas, a composição mais inovadora de Abbath ou, se calhar, a mais estranha – depende da perspectiva e da disposição de quem ouve. A situação é: esta faixa contém malhas extremamente influenciadas pelo thrash metal da Bay Area, e o mais impressionante é que não ficam nada mal no cômputo geral do álbum. O processo repete-se em “Scythewinder”, ainda que esta seja uma faixa mais aberta e essa toada thrashy apresenta-se com mais ênfase nos solos gritantes.

De volta ao passado e ao início do LP, em “Calm in Ire (Of Hurricane)”, logo após um abafado arranjo acústico, como se estivesse encerrado no nevoeiro, surge uma entrada épica a fazer lembrar, por momentos, o glorioso “At the Heart of Winter” (1999). Os acordes acústicos voltam a surgir cristalinamente no tema-título que, como a parente inaugural, é épica, recordando-nos novamente de Immortal. Acto contínuo, a música caminha entre um efeito de marcha e melancolia, tendo o baixo de Mia Wallace um papel fulcral no groove que dá do princípio ao fim. Já a quarta “Harvest Pyre” é dos temas mais heróicos em termos auditivos, com muita abertura, energia e várias camadas de guitarra que nos fazem reviver os tempos do projecto I com que, ao lado de King ov Hell, Ice Dale, Armagedda e Demonaz, lançou o álbum “Between Two Worlds” em 2006.

Sendo estes os pontos mais predominantes em “Outstrider”, vale a pena sublinhar que Abbath deu um passo em frente na sua carreira em nome próprio, sem nunca esquecer a imagem de marca sonora (tanto na guitarra como na voz efervescente) e os primórdios do black metal com uma cover final de “Pace Till Death”, um original de Bathory.

Outras publicações: