Épicos por um lado, sombrios por outro, os Nachtblut oferecem-nos um toque de profunda elegância sonora e visual, porque a maldade também pode ser...

Editora: Napalm Records
Data de lançamento: 02.10.2020
Género: gothic/extreme metal
Nota: 4/5

Épicos por um lado, sombrios por outro, os Nachtblut oferecem-nos um toque de profunda elegância sonora e visual, porque a maldade também pode ser graciosa.

A lançarem álbuns desde 2007, os Nachtblut só conhecem o caminho para a frente e chegam ao sexto longa-duração “Vanitas” com a sua sonoridade muito alemã que funde metal extremo, gótico, industrial e cada vez mais orquestral.

Inspirados na cena Neue Deutsche Härte (NDH), que originou bandas como Rammstein e OOMPH!, os Nachtblut sobem um patamar em relação a essa influência com um som mais épico e envolvente do que o normal na NDH, sendo o tema-título e a gloriosa “Gegen die Götter” dois exemplos que atestam esta observação.

Com um conceito que vai para além da tradicional explicação do que significa vanitas (a recordação constante da mortalidade e inutilidade dos bens e prazeres mundanos), os germânicos criticam as jogadas políticas de ditadores e como estes controlam as massas na metafórica e comicial “Das Puppenhaus”. Mas é, apesar de tudo, a musicalidade que mais capta a nossa atenção (até porque as letras estão em alemão) com guitarras ora pujantes, ora rasgadas, e a voz incisiva e inflamada de Askeroth.

No seu todo, este “Vanitas” é um álbum de metal moderno, mas, e mesmo podendo ser classificado como homogéneo, se o ouvirmos com detalhe, a verdade é que a banda pretendeu ser variada – e conseguiu! Do folk de “Leierkinder” passamos à electrónica e influência em Rammstein de “Kaltes Herz”, partindo-se depois para os 80s com os sintetizadores dançantes e percussão com efeitos digitais de “Nur in der Nacht”. Na mesma toada que cruza guitarras metal, orquestrações sinfónicas e electro, “Schmerz & Leid” (com Chris Harms dos Lord of the Lost) evoca o synth-pop negro tão conhecido vindo da Alemanha. E como a crueldade não tem limites, “Meine Grausamkeit kennt keine Grenzen” surge como o tema mais agressivo, quase a soar a Cradle of Filth e com blast-beats tempestuosos.

“Vanitas” é um álbum de enorme calibre que prova que é sempre possível haver espaço para inovação e fusão mesmo jogando-se num terreno já bem conhecido. Épicos por um lado, sombrios por outro, os Nachtblut oferecem-nos um toque de profunda elegância sonora e visual, porque a maldade também pode ser graciosa.