Diva Satanica: «Preparem-se, esta é a era mais poderosa de Nervosa!»
Entrevistas 16 de Outubro, 2020 Diogo Ferreira


«Metal não tem limites!»
Diva Satanica
De power-trio brasileiro a quarteto internacional, as Nervosa entraram recentemente numa nova fase da carreira. Com Prika Amaral (guitarra), Diva Satanica (voz), Mia Wallace (baixo) e Eleni Nota (bateria) na formação, a banda vai lançar o novo álbum “Perpetual Chaos” em Janeiro de 2021 pela Napalm Records.
Com o disco gravado e um single já cá fora (“Guided By Evil”), a Metal Hammer Portugal foi ao encontro de Diva Satanica, a jovem espanhola que dá voz às novas Nervosa.
De uma banda do metal underground espanhol em Bloodhunter à TV nacional em “La Voz”, a vocalista deu o salto para um nome que tem vindo a conquistar o mundo sempre que lança um álbum. «Apesar da pandemia… estou mais feliz do que nunca! [risos]», diz-nos. «Esta é a oportunidade por que todos os músicos esperam a vida inteira. Sinto-me muito sortuda por cada momento que vivi no passado, porque isso fez-me ser a pessoa que sou hoje. Obviamente, trabalhei o máximo que consegui para chegar a este ponto da minha vida, mas vale a pena.»
«Ninguém na minha família ou amigos gostava de rock ou metal quando comecei a descobrir esses géneros», recorda sobre a sua entrada no universo dos sons extremos. «Comecei a ouvir bandas clássicas, como Bon Jovi, Guns N’ Roses… Tenho ouvido muitos estilos musicais diferentes desde então: do grunge ao black metal, power, thrash… Lembro-me da primeira vez vi um programa de talentos na TV e descobri uma miúda a cantar “Livin’ On A Prayer” de Bon Jovi – apaixonei-me imediatamente. Desde esse dia comecei ir à loja de discos comprar um novo álbum que encontrava a ler uma revista ou algo parecido. Depois comecei a usar o MySpace e o YouTube – os sítios perfeitos para descobrir novas bandas. Talvez seja cliché, mas esse tipo de sentimento de liberdade e paixão que está envolvido nesta cena faz-te sentir fortalecido e ligado a milhões de pessoas apenas porque têm algo em comum para além da cultura ou do próprio idioma. Metal não tem limites!»
«Conheci a Sabina [Holy Moses] há alguns anos num festival em Portugal, no Mangualde Hard Metal Fest, e ela convidou-me para subir ao palco na música “To Drunk to Fuck”. Foi demais!»
Diva Satanica
Finalmente, as mulheres têm tido um papel relevante no metal, passando do público ao palco de forma rápida e impressionante nos últimos anos. De mulheres da velha-guarda, como Sabina Classen (Holy Moses), a outras mais contemporâneas, como Angela Gossow (ex-Arch Enemy), Diva Satanica tem uma história com a primeira: «Conheci a Sabina há alguns anos num festival em Portugal, no Mangualde Hard Metal Fest, e ela convidou-me para subir ao palco na música “To Drunk to Fuck”. Foi demais!» Revelando que estas foram as duas primeiras mulheres da cena metal que ouviu, a vocalista espanhola tem mais referências: «A Tristessa de Astarte (que formou a primeira banda feminina de black metal nos anos 90) ou a Candice Clot de ETHS. Hoje em dia, provavelmente, Tatiana Shmailyuk de Jinjer será a minha favorita!»
Inspirações e influências à parte, Diva Satanica deseja deixar a sua marca – e neste momento em particular com Nervosa. «Cada uma de nós vem de um contexto muito diferente: a Prika está envolvida na cena thrash metal há muitos anos, a Mia tocou num dos projectos mais incríveis do black metal (Abbath) e a Eleni vem de um estilo mais alternativo. Acho que com este novo álbum conseguimos trazer uma mistura interessante de todos esses géneros. Quando ouvimos a mistura final das músicas percebemos que pusemos todas essas influências de maneiras diferentes em cada nota. Além disso, com esta situação da pandemia e todas as experiências que vivemos nas nossas vidas, encontrámos muita inspiração que vai trazer uma nova abordagem para a nossa música – muito mais honesta do que nunca. Acho que, hoje em dia, nesta era de redes sociais, as bandas de metal tentam focar-se em tantas coisas para além da música em si que não conseguem prestar atenção ao mais importante: a música! E, neste caso, sinto que conseguimos.»
Vinda de uma banda com membros masculinos como é Bloodhunter, trabalhar com um colectivo inteiramente composto pelo sexo feminino será uma novidade para Diva Satanica, especialmente quando, anteriormente, não existiam quaisquer laços mais próximos. «Não nos conhecíamos pessoalmente quando entrámos no estúdio, portanto foi uma experiência um bocado estranha e doida, mas uma das mais incríveis da minha vida. Estas miúdas são as músicas mais talentosas, humildes e incríveis que já conheci, mas o mais importante é que senti que nos ligámos desde o primeiro minuto. E isso é muito importante quando crias música com outras pessoas – se não sentes que está tudo no mesmo barco, como uma equipa, como uma família, nada funciona. Como disse, este novo álbum vai ser o mais diverso e eclético da história desta banda – há muitas referências a vários géneros que tornam qualquer música diferente da outra.»
Com toda esta energia contagiante, o repto final é simples: «Preparem-se, esta é a era mais poderosa de Nervosa!»

Metal Hammer Portugal
