Al-Namrood “Wala’at”
Reviews 22 de Junho, 2020 Diogo Ferreira


Editora: Shaytan Productions
Data de lançamento: 22.06.2020
Género: death/black metal
Nota: 3.5/5
Por mais que as guitarras respirem death metal, os Al-Namrood apresentam paisagens sonoras arábicas através de ritmos próprios da sua região, unindo conceitos teóricos e rítmicos da escola musical oriental com noções contemporâneas e ocidentais do metal.
Sauditas e completamente anónimos, com a pena capital à espreita se forem descobertos pelas autoridades do seu país, os Al-Namrood prosseguem a sua arriscada aventura nos meandros do metal e da anti-religião. Com mais de 10 anos de carreira, o trio chega ao oitavo álbum com algumas novidades.
Ainda que continue a existir algum black metal e ainda que a voz endiabrada de Humbaba continue fervorosa e histérica, os sauditas incluíram mais noções de death metal neste novo trabalho. Tal é perceptível nos riffs de guitarra que dominam o disco em toda a sua largura e comprimento. Com álbuns sempre bem-recebidos pela crítica, mesmo que a produção nunca tenha sido muito polida (as condições não o permitem), o trio deu um passo em frente com um conjunto de guitarras mais focadas num só objectivo: fornecer os riffs mais temíveis e cortantes de modo a ombrearem com o melhor death metal melódico europeu, sem que nunca se perca a raiz sonora e cultural da sua região.
Assim, e por mais que as guitarras respirem death metal, os Al-Namrood apresentam paisagens sonoras arábicas através de ritmos próprios daquela região, unindo conceitos teóricos e rítmicos da escola musical oriental com noções contemporâneas e ocidentais do metal.
Maioritariamente melódico, mas denso, pesado e furioso, quem ouvir este “Wala’at” poderá achar que alguns segmentos soam demasiado dissonantes e talvez fora do sítio, mas transcrever a escala arábica para a escala ocidental tem destas coisas. Ouça-se, por exemplo, a interpretação de “Kara Toprak” (música tradicional turca de Aşık Veysel) feita por Ricardo Moyano numa guitarra standard de seis cordas e ficaremos a perceber quão desafiante e, por vezes, aparentemente desafinado é dar uma nova roupagem a microtons em instrumentos ocidentais.
Al-Namrood e este “Wala’at” são indicados para fãs de Melechesh e para quem não descansa enquanto não encontra música diferente que destoa da normalidade.

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