Shavo Odadjian (SOAD): «Se alguém for idiota para mim, não vou ser porreiro com essa pessoa»
Entrevistas 5 de Dezembro, 2020 Metal Hammer

O evangelho segundo o baixista de System Of A Down e de North Kingsley, Shavo Odadjian.

Shavo Odadjian veio preparado para a típica entrevista sobre lições de vida da Metal Hammer. «Escrevi uma longa lista de coisas que aprendi sozinho e com outras pessoas», diz com entusiasmo.
Agora, o baixista dos System Of A Down tem de ser organizado. A COVID-19 pode ter tirado os ícones do metal da estrada neste Verão, mas recentemente fizeram um regresso surpresa com as suas primeiras músicas em 15 anos, “Protect the Land” e “Genocidal Humanoidz”, para se angariar dinheiro para as vítimas da guerra na Arménia e no vizinho Estado separatista Artsakh.
Se isso não bastasse, Shavo tem vários outros projectos em andamento, incluindo sua banda de hip-hop / rock recém-lançada, North Kingsley, e a sua marca de estilo de vida centrada em erva, a 22Red. «Há sempre coisas novas para aprender», diz. «Todos os dias.»
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Trata as pessoas como gostarias de
ser tratado
«Sempre. Sou bom para toda a gente porque quero
isso de volta. Todos são iguais – não importa quem és ou com
quem estás a falar. Se me conhecerem, vão o conhecer o gajo com
quem estão a falar – sempre aberto, agradável e porreiro. Vou
apertar a tua mão e olhar nos teus olhos. Se alguém for um idiota
para mim, simplesmente não vou ser porreiro com essa pessoa.»
Erros são bons
«Todos
cometem erros. Cometo erros diariamente, e isso é porreiro, desde
que não cometas o mesmo erro repetidamente. Ensino isso aos meus
filhos constantemente: não há problema em cometer um erro, mas não
é normal cometer o mesmo erro repetidamente.»
Falhanço é uma arma
«Eu
faço acontecer, gosto de tentar as coisas. Há uns anos comecei um
site que era tipo o primeiro Soundcloud. Comecei essa cena, tive uma
excelente ideia, juntei-me a um monte de gente, mas o meu sócio
lixou-me. Eu não estava atento, não estava naquilo 24 horas.
Confiei nele: ‘Ele vai tratar disto, deixem-me tratar das minhas
próprias coisas.’ Eu estava a misturar o álbum de Achozen [projecto
do final dos anos 2000] enquanto o meu sócio executava o que eu
criava mentalmente, e desfez-se. Lixei-me em nem sei quanto dinheiro,
tempo e esforço. Foi um fracasso. Mas transformei esse falhanço
numa arma. Já não o faço. Agora, qualquer empreendimento que eu
faça, estou em cima disso. Apenas não deixo ninguém fazer aquilo.
Nada de me sentar no banco de trás. Estou sempre no banco da frente,
a conduzir. Ou pelo menos no banco do passageiro…»
Qualidade sobre quantidade, sempre
«Prefiro algo excelente do que algo não excelente. Prefiro ter dois amigos de qualidade do que ter 10 pessoas que se dizem minhas amigas mas que são uma treta. Prefiro ter dois pares de sapatos que uso de dia e de noite do que 30 pares de sapatos que estão ali só para olhar. Isso também se aplica à minha música. Tem de ser. Tenho uma reputação. Se vou lançar alguma coisa, é bom que seja boa.»
Ser dono da tua vida
«Está
no comando do que estás a fazer. Não deixes que outros façam isso
por ti. Eles cometerão um erro e isso cairá sobre ti. Deves estar
no comando da tua vida.»
Ser honesto
«Honestidade e
lealdade são muito importantes neste mundo. É muito raro que as
pessoas sejam honestas e leais ao mesmo tempo – há tantas coisas
que te afastam disso. Só precisas de ser forte, porque no final do
dia isso é tudo o que tens: a tua honestidade, a tua lealdade, a tua
integridade. Termina o que começaste. Se dizes que vais fazer algo,
faz. Caso contrário, as pessoas vão dizer: ‘Aquele gajo não é
confiável.’ E é muito difícil superar isso. Quando os meus filhos
prometem algo, eu digo: ‘Olha-me nos olhos. Promete e faz.’»
Cuidado próprio é
fundamental
«Reserva tempo para meditar, reserva tempo para
treinar. Se não fores forte fisicamente, a tua mente também não
será. Perdi muito peso nos últimos quatro anos. Houve uma altura em
que andava a beber, a curtir, a fumar, a fazer de tudo. Parei de
fumar, parei os comprimidos, parei a comida má, vou ao ginásio
quatro ou cinco vezes por semana. Estás numa viagem e, se não fores
saudável, serás interrompido a meio do caminho. Do tipo, quando
estás num avião e dizem para meteres a máscara em primeiro se
estiveres a cair e depois aos teus filhos, porque, se não o fizeres,
vais morrer e os teus filhos não saberão o que fazer. Tens de te
ajudar a ti mesmo para poderes ajudar toda a gente à tua volta.»
Ama o que estás a fazer
«Se não amares o que estás a fazer, não serás feliz. O sucesso vem de amar o que fazes. Se te divertes, és uma pessoa de sucesso. Nada a ver com dinheiro. Felicidade e conforto na vida – isso é sucesso.»
Consistência, paixão e qualidade
ganham o jogo
«É uma fórmula: são esses os ingredientes
para vencer. É como a 22Red. Fumo desde os 20 anos. Quando a erva
começou a tornar-se legal na América, as pessoas procuraram-me e
disseram: ‘Devíamos dar o nome a algo como “Shavo isto” ou
“Shavo aquilo”.’ Fiquei do tipo: ‘Não, não quero pôr o meu
nome em merda nenhuma.’ Com a 22Red, certifico-me de que estão a
usar o solo certo, os ingredientes certos, sem produtos químicos,
nada que te deixe doente, certifico-me de que os testes são sempre
feitos correctamente. Tudo tem de ter essa qualidade, sempre.»
22 é o meu número
«22 de
Abril é o meu aniversário. Os meus filhos nasceram com 2 anos e 22
dias de diferença. Casei-me no dia 22 de Maio. Tinha 22 anos quando
os System Of A Down foram contratados e 44 quando comecei a 22Red –
22 vezes 2. É por isso que a minha camisola em palco é sempre a 22.
Acabou por se tornar uma cena.»
Um aperto de mão firme fecha
negócios
«O meu pai ensinou-me isso. Quando apertas a mão a
alguém, tens de ter a certeza de que entendem que estás a apertar
porque acreditas. Bem, hoje em dia não se apertam mais as mãos por
causa da pandemia, mas sabes o que quero dizer. Contacto visual
também. É muito importante que te ligues – não olhes para o
outro lado quando estiveres a brindar uma bebida com alguém. Olha
nos olhos deles. Isso é respeito. O [mentor de Wu Tang Clan e colega
de banda em Achozen] RZA ensinou-me toda aquela cena de brindar,
olhar nos olhos de alguém. Esse gajo é inteligente. É um mentor
para mim. Eu era fã da banda dele, agora tornou-se um dos meus
melhores amigos.»
Mantém a mente aberta
«Tens de estar sempre a aprender e a absorver coisas. Nunca penses que sabes tudo. Depois de dizeres ‘eu sei tudo’, acabou. Ainda estou a aprender. Estou sempre a aprender. Vou aprender algo com esta conversa que estamos a ter.»
Larga o telemóvel…
«Um
telemóvel tem tanta coisa que só te dispersa o cérebro. Nem tens
tempo para fazer mais nada. Digamos que estou à espera de uma
chamada. Tenho 30 coisas que posso fazer enquanto espero. Posso ver o
Instagram, posso ir ao Snapchat, posso jogar. Isso cria um transtorno
de défice de atenção, porque estás a fazer muitas coisas ao mesmo
tempo. Perdes o foco.»
…e pega num livro
«Ler é
importante. Há pessoas que dizem: ‘Oh, eu leio – leio comentários
no Instagram e no Twitter.’ Não, pá, isso não é leitura. Pega num
livro e lê. Desenvolve o teu vocabulário, torna-te mais eloquente
quando falas. Gostava de o ter feito mais quando era novo. Agora leio
muitos livros. Quando parei de ir às festas, comprei alguns livros
de auto-ajuda. Foi do tipo: ‘Uau, isto funciona.’ O teu cérebro é
um músculo. Se só o tornas imbecil a ver coisas e a mudar de uma
coisa para outra, vais gastá-lo.»
Compete contra ti mesmo, não contra
outras pessoas
«O que estou a fazer hoje, farei melhor
amanhã. Não olho para o que outra pessoa está a fazer, porque ela
tem a sua própria viagem. Essa pessoa tem a sua própria vida que
está a viver. Não sei o que vai acontecer com ela hoje, não sei o
que vai acontecer com ela amanhã. Mas sei o que aconteceu comigo
ontem, portanto posso construir o meu amanhã. Só tens acesso a ti
mesmo, e é contra ti que estás a competir. Esforço-me por isso.
Sempre. Esforço-me para ser melhor amanhã.»
Prática leva à perfeição
«Se queres ser bom em alguma coisa, tens de praticar muito. Muitas pessoas pegam em algo e dizem: ‘Oh, vou conseguir… Comprei uma guitarra, vou tocar.’ Mas, na verdade, não – têm-na e estão a olhar para ela, e pensam que estão a conseguir. Acham que aprenderam um acorde e está feito, que estão a tocar. Não, pá. Pega-lhe e toca a mesma coisa repetidamente todos os dias. Vê o que te acontece num mês. Num ano. Em três anos. Pensa em como serás então. Se quiseres fazer algo, fá-lo a toda a hora e serás óptimo nisso.»
Consultar artigo original em inglês.
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