Satyricon “Rebel Extravaganza”: rebeldia inesperada mas premeditada
Artigos 6 de Setembro, 2019 Diogo Ferreira


Para uma enorme parte de adeptos de black metal, a perfeição do subgénero chegou em 1996 com “Nemesis Divina”, o terceiro longa-duração dos Satyricon, um álbum que é, de facto, um ponto de viragem no estilo em geral e uma influência ainda hoje sentida em bandas de black metal melódico, nomeadamente finlandesas, que contém a imortal “Mother North”, um hino autêntico.
Mas a 6 de Setembro de 1999 sai “Rebel Extravaganza”, a primeira mudança sonora do duo norueguês e com um título indicado para a ocasião. Com o quarto álbum tornam-se realmente rebeldes ao modificar o género com a inclusão de malhas groovadas antecedendo o que viria num futuro nada distante com “Volcano” (2002) e “Now, Diabolical” (2006), ainda que a velocidade do black metal continuasse presente.
Foi no palco do Vagos Metal Fest de 2019 que Satyr disse que, em 1999, a crítica acusou “Rebel Extravaganza” de ser um álbum techno e que, por isso, íamos então ouvir uma música techno – escassos momentos depois era entoada a faixa “Supersonic Journey”. Claramente enxovalhados com tamanha atrocidade analítica, este disco é nitidamente mais técnico, mecânico e até industrial do que os lançamentos anteriores, mas longe de ser algo incauto e sem predefinição – “Rebel Extravaganza” representa a rebeldia criativa dos Satyricon em 1999, a vontade de mudar e fazer coisas novas.
Num álbum frio, misantropo e cínico, que uniu a negritude do black metal ao balanceamento do groove e do industrial, note-se a inclusão de convidados renomados, como Fenriz (Darkthrone), Anders Odden (Cadaver, e que viria a ser integrante ao vivo dos Satyricon a partir de 2013), Gerlioz (Dimmu Borgir) e Snorre W. Ruch (Thorns, ex-Mayhem), pois todos eles contribuíram à sua medida para a concretização da audível inovação premeditada por Satyr e Frost.
«Por mais que “Rebel…” fosse um novo disco para nós, também foi um protesto», refere Satyr através da Napalm Records. «Senti que o género estava a ficar gótico e que havia mais tipos de expressão interessantes e sustentáveis que se podiam incorporar no black metal para fazê-lo crescer e despertar nova vida. A minha misantropia sem fundo daquela altura também foi instrumental na criação do disco. O Frost e eu estamos orgulhosos da forma como este álbum contribuiu para o desenvolvimento do género que agora sabemos que era necessário. Este é um disco que muitos descobriram em retrospectiva e que diz muito da sua complexidade, controvérsia e importância.
Mal interpretado por uns mas compreendido por outros, “Rebel Extravaganza” é algumas vezes apresentado em fóruns como um dos piores discos de Satyricon, ocupando geralmente uma posição de meia-tabela. Todavia, e passado décadas, este álbum começa a ser aplaudido aos poucos, começando assim a subir na escala qualitativa da discografia de uma das bandas mais importantes do black metal norueguês.
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