Género: post rock/rock progressivoOrigem: Reino UnidoÚltimo lançamento: The World We Left Behind For Others (2019)Editora: WormholedeathLinks: Facebook | WebsiteEntrevista: Joel Costa | Review: Diogo...
Fotografia: Ester Segarra

Género: post rock/rock progressivo
Origem: Reino Unido
Último lançamento: The World We Left Behind For Others (2019)
Editora: Wormholedeath
Links: Facebook | Website
Entrevista: Joel Costa | Review: Diogo Ferreira

Os britânicos Final Coil têm na sua segunda proposta um disco conceptual onde a narrativa aborda as mudanças sociais verificadas num período de pós-guerra do Reino Unido. Com uma atmosfera de cortar a respiração, a Metal Hammer Portugal quis saber mais sobre “The World We Left Behind For Others“. As palavras que se seguem são de Phil Stiles (vocalista, guitarrista, sintetizadores e programação).

[O disco] baseia-se numa colecção de cartas que encontrei logo após o falecimento da minha avó.

Sobre o último disco: «Quisemos expandir a nossa temática e sonoridade em relação ao álbum de estreia, “Persistence Of Memory”. Ainda que estivesse ligado a um conceito, não poderia ser visto como tal, mas sentimos que o potencial para esculpir algo coerente e fluído estava lá. Com o novo trabalho, quisemos apresentar algo mais coeso – uma espécie de sonho onde os ouvintes se podem perder por um bocado. Isto não significa que não possam ouvir os temas individualmente, pois outro dos nossos objectivos foi criar as músicas de forma a poderem ser ouvidas separadamente. O que queremos dizer é que este é um disco onde o objectivo passa por levar o ouvinte numa jornada.»

Temática do álbum: «Baseia-se numa colecção de cartas que encontrei logo após o falecimento da minha avó, onde pude obter alguns esclarecimentos acerca das suas experiências. Uma das coisas das quais não se fala muito neste país é como as famílias – e particularmente as mulheres jovens – conseguiram lidar com o stress pós-traumático dos seus maridos abalados, que prestaram serviço militar durante a guerra. A atitude social de “erguer a cabeça e seguir em frente”, juntamente com uma dieta implacável de propaganda pós-guerra, contribuiu muito – a meu ver – para familiarizar a geração seguinte com os horrores da guerra e para a convencer do falso valor de que a soberania era mais importante do que tudo o resto. Através dessa lente, o disco procura explorar o porquê da sociedade ocidental – particularmente no Reino Unido – ter-se tornado bifurcada ao ponto de ser possível algo como o “Brexit” acontecer.»

«Não queremos, com este álbum, dizer às pessoas o que devem pensar, mas sim procurar explorar algumas das razões que levam as pessoas a pensar de uma determinada forma e as razões pelas quais o clima político se tornou em algo tão febril. Julgo ser um tópico importante e intemporal, e existe o argumento de que se as pessoas fizessem um esforço maior para perceber os outros, os conflitos seriam bem menos virulentos. De um ponto de vista pessoal, este álbum permitiu-me também prestar homenagem à minha avó, de uma forma que poderá chegar a todos aqueles que passaram por uma perda, e não posso pensar num tributo melhor do que o acto de criar, pois era uma pessoa muito ligada à música; uma cantora e artista talentosa.»

Se as pessoas fizessem um esforço maior para perceber os outros, os conflitos seriam bem menos virulentos.

Sonoridade: «Aquando da formação da banda, estávamos enraizados na cena rock alternativa da década de 1990, com as nossas maiores influências a incidirem em nomes como Alice In Chains, Tool, Nirvana, Sonic Youth e Soundgarden, mas fomos igualmente beber influências de bandas originárias de outros estilos, como Blur, Sepultura, Massive Attack, Metallica ou até Nine Inch Nails, pelo que sempre explorámos diversas possibilidades sónicas e nunca decidimos que o nosso som teria que soar desta ou daquela maneira. Se utilizarmos o termo “progressivo” como forma de explicar um progresso para além do que aceitamos como tradicional, então talvez essa definição nos assente bem, pois a evolução da banda segue precisamente nessa direcção. Gosto de compor temas com grandes riffs, como “The Last Battle” ou “The World We Left Behind For Others”, mas também gosto de criar temas com atmosfera e nuance. Gosto de ter liberdade para fazer isso.»

Futuro: «Estamos a trabalhar no nosso terceiro disco, que será a última peça de uma trilogia que teve início com “Persistence Of Memory”. De um ponto de vista temático, segue mais ou menos a direcção tomada neste “The World We Left Behind For Others”, apresentando ligações musicais aos dois álbuns, ainda que dê lugar a uma evolução musical e à experimentação. Estamos também a trabalhar nos nossos concertos ao vivo e temos a ambição de viajar pela Europa.»

REVIEW
Final Coil
«The World We Left Behind For Others»

Wormholedeath, 2019


Os Final Coil gostam de ouvir música, ensaiar infinitamente, ter discussões incoerentes, apreciar uma boa cerveja e, conforme se ouve através do que nos oferecem, de grunge. Claramente influenciados por bandas como Alice In Chains e Mad Season (isso percebe-se nitidamente através dos riffs e da colocação da voz), para além do post-grunge que praticam, os Final Coil acabam também por incorporar elementos de post-rock e algum prog. “The Last Battle”, com os seus pouco mais de seis minutos, é um bom exemplo daquilo que esta banda está disposta a fazer.

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